(Extra, 22/03/2016) A estudante de jornalismo Anna Caroline Kaptchouang passou por minutos de terror na manhã desta terça-feira, a caminho da faculdade, em um vagão do metrô de São Paulo. A jovem de 18 anos afirma ter sido assediada por um homem na faixa dos 30 anos durante nada menos que nove estações.
— Embarquei na Guilhermina Esperança e, mais à frente, este homem entrou no vagão e logo me encarou. Estava lotado, mas havia espaço para que ficasse relativamente afastado. Estranhei o fato de ter se posicionado atrás de mim — relata Anna Caroline, que logo pediu ajuda via celular.
A estudante solicitou à mãe, por mensagem, o número que o próprio Metrô dispobiliza para que mulheres enviem SMS denunciando assédio em vagões. Anna Caroline recebeu uma resposta padrão da concessionária, mas não obteve o suporte necessário do serviço.
Com o decorrer da viagem, a jovem percebia a aproximação do homem, até o momento em que, na estação do Brás, sem receber apoio de ninguém dentro do vagão, decidiu confrontá-lo.
— Percebi que meu vestido estava molhado. Ele havia ejaculado em mim. Perguntei se ele estava louco e ele negou tudo. Tentei tirar foto, mas ele segurou meu braço e derrubou meu celular. Quando abaixei parar recuperá-lo, ele me empurrou. E ninguém foi capaz de me ajudar… Alguns outros homens, inclusive, davam a entender que eu estava exagerando, inventando — desabafa Anna Caroline.
Ao desembarcar na estação da República, a estudante tentou perseguir o agressor, perdendo-o na multidão. Decidiu, então, pedir ajuda a um segurança do metrô, mas também não teve sucesso.
— Ficou desconfiado e chegou a dizer que aquilo havia acontecido por causa do meu vestido. Disse ainda que não poderia me ajudar, pois eu precisava estar com o acusado ao meu lado para que fosse tomada alguma providência — denuncia Anna Caroline, que, após perceber que estava, de fato, desamparada, foi para a sua faculdade.
Anna conta que chegou a receber uma ligação do diretor de segurança da estação República, que pediu “desculpas” pelo ocorrido.
— Sofro assédio todos os dias, com olhares e situações constrangedoras. Mas nesse nível…Um misto de medo, raiva! — confessa a estudante.
Por meio de nota oficial, a assessoria do Metrô de São Paulo informa que agentes foram enviados para o vagão descrito pela passageira, mas não ouviram relatos de outros usuários do transporte sobre o incidente envolvendo Anna Caroline. Confira na íntegra:
“O Metrô de São Paulo e a Concessionária ViaQuatro (operadora da Linha 4-Amarela) informam que estão apurando criteriosamente os fatos relatados. O Metrô está em contato com a usuária e fez um convite para que ela vá até o Centro de Controle de Segurança para conhecer o trabalho e auxiliar na averiguação do ocorrido. A ViaQuatro também está à disposição da usuária para ajudar a esclarecer o ocorrido.
O Metrô Informa que, após receber o SMS-Denúncia, agentes de segurança da empresa foram ao vagão descrito pela usuária em duas ocasiões, entretanto, não houve manifestação dos passageiros.
O Metrô e a ViaQuatro não toleram e repudiam o abuso sexual, crime que deve ser combatido dentro e fora do transporte público. A Companhia do Metrô vem intensificando suas campanhas de cidadania e conscientização e as ações de combate ao crime, além de disponibilizar uma rede de auxílio com funcionários preparados para o acolhimento da vítima. São mais de 3 mil agentes de segurança e de operação e 3.500 câmeras para monitoramento de estações e trens.
Os resultados podem ser vistos com o índice atual que aponta que 88% dos abusadores descritos pelas vítimas são detidos pelos agentes do Metrô e encaminhados à Delpom – Delegacia do Metropolitano – órgão responsável pela investigação dos crimes no sistema metroferroviário paulista. A colaboração dos usuários por meio de denúncia e o registro da ocorrência na polícia pelas vítimas são fatores fundamentais para que todos os passageiros tenham seus direitos respeitados e os abusadores sejam punidos.
Em caso de abuso sexual é importante que a vítima informe imediatamente um funcionário do Metrô, apontando ou descrevendo as características e roupas do autor do crime para que ele seja localizado e detido. Os passageiros também podem colaborar por meio do serviço SMS-Denúncia do Metrô (9 7333-2252), que garante total anonimato ao denunciante”.
Acesse no site de origem: Jovem sofre assédio no metrô de SP e ouve de segurança: ‘Foi por causa do seu vestido’ (Extra, 22/03/2016)