(Agência Patrícia Galvão) Sobre a matéria “Em 10 anos, novo perfil do crime em SP”, publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo em 13/02/2011 e que informa que “mulheres são cada vez mais vítimas” e aponta uma “vitimização crescente de mulheres”, o demógrafo José Eustáquio Diniz Filho, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, faz a seguinte correção:
“O artigo do Estadão pode induzir a confusões, pois não houve crescimento do número de homicídios de mulheres em São Paulo, o que houve foi aumento do percentual de mulheres assassinadas. Ou seja, a queda foi maior entre os homens, pois o número de homens mortos é muito grande e continua maior do que o numero de homicidios de mulheres.
O mais correto seria dizer que houve redução do número de homicídios entre homens e mulheres, mas a queda maior foi entre os homens. Isto fez o percentual de mulheres entre os homicídios aumentar de 7% para 16%, mas os homens ainda representam 84% dos homicidios na cidade.”
Leia abaixo um resumo do conteúdo da matéria do jornal:
(O Estado de S. Paulo) Mulheres são cada vez mais vítimas [sic] e crescem as mortes dentro de casa. 27% dos homicídios são com facas
Reportagem de Bruno Paes Manso mostra o novo perfil do crime na cidade de São Paulo. “Saíram de cena as disputas sangrentas entre jovens armados, os ciclos incessantes de vingança, os tiroteios em plena luz do dia e as rixas entre traficantes. Na São Paulo apaziguada, que reduziu os homicídios em 78% nos últimos dez anos, cresceu, proporcionalmente, um tipo diferente de assassinato ainda a ser compreendido pelas autoridades. Descobrir como enfrentá-lo será tarefa decisiva para a cidade conseguir ficar abaixo da casa dos 10 assassinatos por 100 mil.”
“No ano passado, aumentou o porcentual de mulheres entre as vítimas. Eram 7% dez anos atrás, chegando a 16% em 2010. Cresceu também a proporção de armas brancas como objeto de crime, saltando de 4% para 27% no mesmo período. As mortes dentro de casa subiram de 10% para 20% dos casos. Houve ainda redução de vítimas com passagem na polícia.”
Mais casos motivados por brigas cotidianas e familiares
“Estamos em fase de diagnóstico. Entre outras coisas, os dados mostram que aumentou a dificuldade para se conseguir armas de fogo. Também existem mais casos motivados por brigas cotidianas e familiares. Isso pode ajudar a entender o crescimento das mulheres entre as vítimas. Mas elas também estão cada vez mais atuando no tráfico. O fato é que o perfil dos assassinatos mudou”, diz o delegado Marco Antônio Desgualdo, diretor do DHPP.
Reflexos da Lei de Desarmamento
“A Lei do Desarmamento, que em 2003 tornou crime inafiançável a posse irregular de arma de fogo, mudou o comportamento dos jovens, diminuindo a tensão no ambiente. A prisão dos chamados matadores contumazes, que se tornaram alvos do DHPP a partir de 2000 e estavam inseridos nesses ciclos de vingança, também foi fundamental para acalmar as periferias.”
Ganha relevância assassinatos com facas e as mortes dentro de casa
“É nesse novo contexto em que os casos com facas, a vitimização crescente de mulheres [sic] e as mortes dentro de casa ganham relevância. São ocorrências que refletem rompantes de emoção, muitas vezes embalados por álcool e drogas – casos relacionados a família e brigas. “No extremo leste, uma das regiões que mais reduziu homicídios, a maioria das mortes hoje envolve problemas dentro de casa”, diz o coronel Marcos Chaves, comandante da PM na capital. São assassinatos isolados, desvinculados das disputas territoriais de antigamente.”
Acesse na íntegra: Em 10 anos, novo perfil do crime em SP (O Estado de S. Paulo – 13/02/2011)