(IstoÉ/Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo/O Globo/G1/Terra/IPS) A Agência Patrícia Galvão selecionou alguns artigos, editoriais e reportagens que tratam do estilo de governar da primeira mulher presidenta do Brasil e como Dilma Rousseff está reagindo diante das pressões e das denúncias de corrupção em seu governo. Veja abaixo trechos e links para as matérias na íntegra.
“Há algo de absolutamente novo e promissor no estilo Dilma de fazer política”, diz a revista IstoÉ em editorial
“Como um CEO de empresas, a presidente atua seguindo conceitos de transparência, profissionalismo e praticidade na deliberação dos mais variados assuntos, mesmo no despacho de demandas parlamentares e de partidos aliados. Não é dada a conchavos. Recusa o jogo do fisiologismo rasteiro, que por décadas tomou conta da máquina, e promove agora uma guerra santa para limpar da administração pública os maus hábitos. É uma postura arrojada, que conta com o apoio incondicional da opinião pública, mas cobra seu preço na base de sustentação da governabilidade. Como primeira mulher a ocupar o poder no País, Dilma já registra altos índices de popularidade, segundo as últimas pesquisas, e coleciona desafetos na mesma medida dentro do Congresso.” – A política de Dilma, editorial (IstoÉ – 19/08/2011)
Com o afastamento de quatro ministros, Dilma demonstra força e começa um governo mais afinado com seu estilo – Vem aí a segunda fase (IstoÉ – 19/08/2011)
“PT rejeita paternidade e Dilma não assume maternidade da celebrada faxina ética”
Se a dita faxina ética é fato ou ficção, os próximos capítulos dirão. Mas um avanço a presidente Dilma Rousseff já produziu com seu jeito diferente do antecessor de lidar com denúncias e inadequações de comportamento em geral em seu ministério: pôs a corrupção em pauta. (…) O que falta à presidente não é “habilidade política” para dar conta da empreitada. Falta método, clareza e a troca da reação pela iniciativa da ação. Começando por apresentar ao País suas credenciais, explicando quais são suas ideias a respeito do que seja necessário em termos de mudança de procedimentos para a construção de um governo de coalizão dentro dos marcos estritos da legalidade.” – Sem pai nem mãe, por Dora Kramer (O Estado de S. Paulo – 21/08/2011)
“Se Dilma Rousseff persegue uma gestão séria e competente, ela precisa acertar com os partidos regras previamente definidas como: limites para indicações; cargo técnico é inegociável; o partido sugere nomes, mas a escolha é do presidente; todos os candidatos devem ter ficha limpa; e um aviso: irregularidades serão sumariamente punidas com perda do cargo.” – O modelo precisa mudar, por Suley Caldas (O Estado de S. Paulo – 21/08/2011)
“Assim, enquanto se discute se Dilma faz mesmo uma “faxina ética”, ou apenas deixa rolar e se beneficia dela, a presidente vai virando estrela de uma frente pluripartidária contra a corrupção e contra a miséria. Só tem a ganhar. CPI da Corrupção? Esquece. Lula virou “pai dos pobres”, e Dilma se firma como “mãe anticorrupção”. O PSDB corrobora alegremente, e assim ela vence resistências entre os 40 milhões que votaram na oposição, contra Lula e o lulismo. Por trás do discurso de que o Brasil sai ganhando, a oposição não lucra nada, Dilma fica com tudo. E Dilma é Lula.” – Tucanos caem como patinhos, por Eliane Cantanhêde (Folha de S.Paulo – 21/08/2011)
A imagem de Dilma
“A popularidade de Dilma Rousseff permanece alta, como verificaram pesquisas de opinião tanto do Datafolha quanto do Ibope: 48% de avaliações “ótimo” e “bom” para seu governo.”
“A percepção do público é de um país em bonança, ainda que o poder aquisitivo tenha sofrido alguma perda com a alta de preços de serviços e de alimentos. E Dilma vai firmando a imagem – um tanto superfaturada – de governante disposta a combater a corrupção.”
“Se os escândalos e denúncias de corrupção prosseguirem, cedo ou tarde afetarão o prestígio do governo. Para o público, ficará evidente que a “faxina” está aquém da sujeira acumulada em décadas de desmandos. Para a classe política incrustada no Congresso, Dilma verá agravada a fama adquirida de parceira iracunda e refratária a compromissos. Até aqui, a presidente favoreceu a opinião pública em detrimento da base parlamentar. Se a primeira lhe faltar, terá de seguir o conselho de Lula e ceder à segunda.” – A imagem de Dilma, editorial (Folha de S.Paulo – 16/08/2011)
No lançamento do Brasil sem Miséria Sudeste, presidenta evita falar em limpeza ética e defende combate à miséria – ‘Verdadeira faxina’ é contra a miséria, afirma Dilma em São Paulo (G1 – 19/08/2011)
Sem expectativa
“Dilma é mais bem avaliada que seu governo porque deixa transparecer a fraqueza de seu ministério e a inoperância das ações de administração, mas se destaca como a combatente contra a corrupção.” – Sem expectativa, por Merval Pereira (O Globo – 17/08/2011)
A solidão de Dilma
“Os gestos de Dilma Rousseff para inibir e controlar um pouco a corrupção não encontram eco no meio político em geral, o que é sabido, mas tampouco têm o respaldo do PT, o que é menos falado. Quem, no partido da presidente, abraçou em público, se não a causa, ao menos o discurso da faxina? A solidão que chama a atenção, porém, é a da própria Dilma, desamparada pelo partido, que -diga-se- nem dela é.” – A solidão de Dilma, por Fernando de Barros e Silva (Folha de S,Paulo – 17/08/2011)
Reação dos petistas
“Parlamentares e ministros da sigla, sob reserva, criticam estilo da presidente e afirmam que ela está comprando brigas com partidos e sindicatos que poderão prejudicar projeto eleitoral para 2014” – Petistas temem que ‘faxina’ de Dilma carimbe gestão de Lula como ‘corrupta’ (O Estado de S. Paulo – 19/08/2011)
Método político
“Dilma Rousseff é metódica. Pegar o telefone, ligar para um deputado e jogar conversa fora? Nem pensar. Mas a presidente soube que os políticos se ressentem do pouco contato com ela. Sem problemas. Ordenou marcar reuniões regulares, formais e dentro do ambiente de trabalho, no Planalto.”
“Quer fazer política com método. É uma aposta e tanto na terra da cordialidade, das dissimulações e do “passe lá em casa. Não que seja ruim ou bom esse novo sistema implantado pela primeira mulher a ocupar a Presidência da República. É por enquanto uma
novidade. O país nunca experimentou um presidente, do mais fraco ao mais forte, que não tivesse alguns deputados e senadores “seus”, aliados em quem pudessem confiar de olhos fechados.”
“A presidente é disciplinada. Costuma ler extensos relatórios do Banco Central ou do Planejamento. É um bom hábito, embora consuma muito do seu tempo. Para resolver seu problema de administração política terá de modular sua agenda e encontrar o ponto de equilíbrio entre leitura e conversas.” – Método político, por Fernando Rodrigues (Folha de S.Paulo – 17/08/2011)
“É difícil discernir entre as virtudes pessoais e a insuficiência política de Dilma. Seu governo escancara os aspectos regressivos do legado de Lula, mas aponta para algo diverso disso?” – Dilmuska, por Fernando de Barros e Silva (Folha de S.Paulo – 19/08/2011)
Administrar e articular
“E Lula põe o dedo na ferida, comparando os governos. Enquanto ele era o tempo todo um animador de plateias, sempre disponível para aturar os líderes aliados, Dilma continua querendo desempenhar duas tarefas em tempo integral: administrar, discutindo vírgula por vírgula dos projetos, e articular. Como a presidente não deixa Gleisi virar “a Dilma da Dilma”, Lula avalia que a tormenta política ainda não chegou ao final.” – Bastidores: Aviso do ex: o centro político segue vazio, por Rui Nogueira (O Estado de S.Paulo – 19/08/2011)
Dilma, a diarista, e sua vassoura
“Presidente faz bem em avariar a nau da corrupção, mas cairia bem um plano de reforma administrativa.”
“Dilma faz bem em dar um aviso geral aos navegantes da barca da bandalha. Mas ganharia mais apoio e seria mais bem-sucedida no médio prazo com um plano de reforma do Estado e da administração.”
“O governo brasileiro oferece oportunidades demais para desvios. Para começar, é grande e picotado demais. Não há controladorias, corregedorias, promotores, policiais e jornalistas bastantes para cobrir a oferta imensa de oportunidades. Segundo, falta profissionalização. Pode ser que servidores de carreira em postos de chefia se mostrem tão tentados ao erro quanto os milhares de nomeados. Mas conviria fazer a experiência de profissionalizar a administração.” – Dilma, a diarista, e sua vassoura, por Vinicius Torres Freire (Folha de S.Paulo – 17/08/2011)
Pântano que traga ministros
“Dilma, assim, tenta se equilibrar entre dois personagens convenientes: a presidente que varre a corrupção e a presidente que nega estar varrendo os corruptos. Como se eles caíssem sozinhos.” – Pântano que traga ministros, por Eliane Cantanhêde (Folha de S.Paulo – 18/08/2011)
O quarto ministro
“Dilma pode seguir cultivando a imagem de quem afronta o sistema fisiológico, mas nenhum governo passa incólume pela demissão do quarto ministro em oito meses. O novo espectro a rondar o Planalto se chama instabilidade.” – O quarto ministro, editorial (Folha de S.Paulo – 18/08/2011)
Dilma precisa de votos no Congresso não apenas para a “governabilidade”, em abstrato, mas para aprovar medidas que poupariam o País do contágio da crise externa e derrubar aquelas que, no seu entender, tenham efeito oposto.” – Dilma segue a Lei de Johnson, editorial (O Estado de S. Paulo – 18/08/2011)
“Não faz sentido a ideia de que para ter um governo de maioria você tem que conviver com o abuso”, diz analista
O coordenador do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), José Álvaro Moisés, avalia que Dilma Rousseff terá que buscar na sociedade apoio político se quiser continuar a faxina no governo sem pôr em risco a governabilidade. “A opinião pública é a variável mais importante na qual ela pode se apoiar”, acredita o analista político, que não vê risco imediato para a governabilidade.
“Diria que a presidente Dilma está enfrentando um dilema. Se por um lado ela está com a decisão de fazer uma faxina, por outro ela enfrenta um problema que é uma diminuição do apoio parlamentar. É muito provável que nas próximas pesquisas essa conduta da Dilma no que diz respeito à corrupção tenha apoio, em particular, dos segmentos mais escolarizados dos eleitores. O desafio será quanto ela consegue usar esse apoio para propor aos remanescentes da sua coalizão uma repactuação.”
Perguntado se vê nos últimos acontecimentos uma tentativa da presidenta Dilma de enfrentar o fisiologismo ou se trata apenas de uma ação pontual, José Álvaro Moisés responde: “A leitura que eu faço é que a presidente, com base nesse caso do Ministério dos Transportes, está sinalizando uma conduta nova, que é de levar a sério o que a legislação prevê independentemente dos custos políticos. Agora, se ela vai levar isso adiante, aplicando os mesmos critérios com os demais partidos e propondo uma repactuação que leve em conta princípios republicanos, nós ainda não sabemos. Ela vai precisar nos próximos meses confirmar essa conduta.” – Dilma precisa deixar claro para a sociedade que quer só cumprir a lei, diz analista (O Globo – 16/08/2011)
Dilma no fio da navalha
“Surfando em índices de popularidade bastante altos – superiores aos de seus antecessores em mesmo tempo de poder -, Dilma parece oscilar entre o desejo de quebrar a tradição política de tolerância das autoridades e partidos com a corrupção e as discutíveis exigências de manutenção de sua ampla base de apoio.” – Dilma no fio da navalha, por José Álvaro Moisés (O Estado de S. Paulo – 18/08/2011)
“Enquanto a popularidade da presidente cresce nas classes médias – e certamente entre eleitores não petistas -, aumenta seu cacife político para enfrentar as chantagens em fase de armação no Congresso. Não se sabe se terá coragem de ir adiante. Se deseja fazer uma gestão digna, não tem escolha.” – A hora da escolha de Dilma, editorial (O Globo – 18/08/2011)
Apoio suprapartidário
“A “faxina ética” tomou uma dinâmica própria que não é possível controlar, e ficou maior do que sua própria impulsionadora.” – Apoios à faxina, por Merval Pereira (O Globo – 19/08/2011)
“Há muito tempo não acontecia coisa tão boa no Congresso. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) propôs a criação de uma frente interpartidária de apoio a Dilma Rousseff para conter a chantagem que se arma contra o governo por conta de sua disposição de combater a ladroeira. O senador conhece o Congresso e sabe que estão montando emboscadas contra a faxina de Dilma.” – Simon propôs a patrulha da Viúva, por Elio Gaspari (Folha de S.Paulo – 17/08/2011)
“É um erro subordinar combate à corrupção à luta política” – O suprapartidário apoio à faxina, editorial (O Globo – 16/08/2011)
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