(Seppir, 25/04/2016) Foi realizado em São Paulo, entre os dias 22 e 23 de abril, o 9º. Seminário “A Mulher e a Mídia”. Nesta edição, foi abordado o tema Mídia, Zika e os Direitos das Mulheres, com destaque para a necessidade de ampliação e divulgação de dados, informações e orientações, tanto para o sistema de saúde, quanto para a imprensa. Também foi ressaltada a situação das mulheres negras, que são duplamente afetadas pelo surto do vírus Zika, seja pelas baixas condições de vida de grande parte dessa população, seja pelo racismo.
Segundo a médica e ativista Jurema Werneck, coordenadora da ONG Criola, a mulher negra está onde floresce a infestação do mosquito, já que das 60 milhões de mulheres negras no Brasil, 73,7% vivem na pobreza, a maioria em localidades onde faltam saneamento básico, água potável e coleta de lixo. Na opinião da médica, não se pode desprezar a questão racial nesse contexto, pois há mais que um vírus e um mosquito por trás da epidemia, e a mulher negra precisa estar no centro das narrativas e das ações.
Para Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, ha uma emergência global que tem a ver com a vida de milhares de mulheres. Segundo ela, é imperativa a discussão no ambiente de debate público, onde está a mídia. A dra. Tania di Giacomo do Lago, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, destacou a vulnerabilidade das mulheres grávidas e afirmou que, apesar do fato de que a dengue, a zika, a chikungunya e o H1N1 afetarem principalmente as mulheres grávidas, mas não há nenhum manual sobre o assunto. Segundo ela, as mulheres – grávidas e que desejam engravidar – precisam ter acesso prioritário às informações, à prevenção e à assistência na rede pública. A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gusman, afirmou que a Zika não é uma questão de mosquito, mas de pessoas e, por isso, é preciso um alerta internacional que leve em conta principalmente as crianças e as mulheres.
O Seminário, que contou com a participação de mais de 250 mulheres, foi promovido pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com a Ford Foundation e ONU Mulheres Brasil. No primeiro dia os temas discutidos foram: mulheres no centro da epidemia de Zika, mas fora do foco principal da mídia; e acesso à informação e planejamento reprodutivo no contexto da Zika. No segundo dia, os painéis trataram sobre as armadilhas da simplificação: síndrome congênita é mais que microcefalia, mulheres não são só cuidadoras; e estratégias de políticas públicas, mobilização social e comunicação para garantia dos direitos das mulheres em tempos de Zika.
Com informações da Agência Áfricas de Notícias
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