(180 graus, 23/05/2016) A cada nova pesquisa realizada, evidencia-se o quanto o Zika vírus é muito mais perigoso do que se imaginava anteriormente. No início pensava-se tratar apenas de uma infecção aguda, que provocava dores no corpo, febre que durava alguns dias e o paciente se recuperava completamente. Porém, com a propagação do vírus pelo país , a realidade revelou uma epidemia bem mais perigosa.
No início foi a síndrome de Guillain Barré, uma doença grave que afeta o sistema neurológico de adultos e crianças. Posteriormente, a “explosão” de casos de microcefalia em recém-nascidos, principalmente na região nordeste do país, agora, novas pesquisas revelam que o vírus pode estar por trás de ainda mais danos às funções neurológicas do apenas a Guillain Barré e a microcefalia, e afetar os bebês de até um quinto das mulheres infectadas.
Apesar de as taxas de avanço do contágio terem diminuído em algumas partes do país, graças a mais informações sobre prevenção, a busca por uma vacina está ainda no estágio inicial. Além disso, o zika continua a se espalhar pelo continente.
Problemas cerebrais detectados
O que médicos brasileiros têm constatado em bebês de mães que tiveram Zika, muitos danos cerebrais não tão óbvios quanto a microcefalia. São más-formações que até podem não ter o mesmo impacto no desenvolvimento da criança, mas que estão ocorrendo com uma frequência alarmante.
Segundo o obstetra Roberto Sá, que trabalha em hospitais públicos e privadas do Rio de Janeiro, a doença pode provocar calcificações no cérebro, um aumento no número das dilatações nos ventrículos cerebrais e a destruição ou má-formação da parte posterior do cérebro e lista uma série de problemas que vem encontrando com uma crescente regularidade: ventriculomegalia (aumento dos ventrículos cerebrais), danos à fossa posterior do crânio, craniossinostose (fechamento prematuro das suturas craniais, fazendo com que a cabeça se desenvolva da maneira errada) e calcificação cerebral.
O médico ainda aponta para preocupação adicional, lembrando que geralmente não há um vestígio óbvio ou sintoma do dano neurológico até as checagens mais tardias do desenvolvimento do bebê.
Riscos de anormalidades
Um estudo realizado na Polinésia Francesa, (segundo surto de Zika em populações maiores e o primeiro fora da África) apontou que 1% das mulheres infectadas durante a gravidez teriam bebês com microcefalia, porém, alguns dos principais cientistas envolvidos nas investigações sobre a doença no Brasil estimam que até 20% das gestações afetadas podem resultar em vários outros tipos de danos ao cérebro.
Um estudo publicado pelo periódico New England Journal of Medicine aponta que 29% dos exames mostraram anormalidades em bebês no útero, incluindo restrições ao crescimento intrauterino e morte do feto, em mulheres com resultados positivos para infecção pelo zika.
Como é virtualmente impossível estudar os fetos em desenvolvimento, pesquisadores do Instituto D’Or, no Rio de Janeiro, estão usando células-tronco para criar tecidos que se desenvolvem como o cérebro humano. Esses tecidos são depois infectados com o vírus Zika. A pesquisa tem revelado que há algo no vírus que o torna mais inclinado a matar células cerebrais em desenvolvimento. Uma outra grande e preocupante descoberta da pesquisa é que o Zika provoca uma grande redução do crescimento do córtex, a camada externa do cérebro.
Fonte: Com informações da BBC
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