(G1/PE, 20/06/2016) Novo documento deixa de tratar microcefalia como único grande problema. Texto também trata de assistência a bebês e será publicado em 15 dias.
Pernambuco pretende divulgar seu terceiro protocolo sobre o vírus da zika nos próximos 15 dias. Tratando não só a microcefalia como sua maior consequência, o novo documento incluirá uma série de problemas associados a essa arbovirose como dificuldades visual e auditiva, além de alterações neurológicas. O “Protocolo Clínico e Epidemiológico da Síndrome do Zika Congênito” ainda definirá a rede de assistência a esses bebês.
As informações foram apresentadas nesta segunda-feira (20), durante um seminário realizado em um hotel em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Participam do encontro, que vai até terça-feira (21), representantes da Secretaria Estadual de Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Ministério da Saúde.
O objetivo do evento é atualizar os profissionais das redes municipais e estadual sobre a situação da microcefalia e da zika no Brasil e no mundo. No encontro, será possível compartilhar experiências eficazes no combate ao Aedes aegypti.
O diretor do departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, ressaltou a ideia do seminário e do novo protocolo. Segundo ele, houve redução nos casos de zika em gestantes também nos casos de microcefalia. Por isso, o mais importante, nesse momento, é rever toda a estratégia adotada ao longo desse quase um ano de enfrentamento do problema.
“Também devemos discutir novas estratégias de prevenção e controle, em especial na mudança da vigilância no caso de detecção não só no caso de microcefalia, mas de crianças que tenham alterações no sistema nervoso central bem como outras malformações. Temos que ampliar tudo que já foi levantado”, frisou.
A última descoberta feita pela Fundação Altino Ventura, uma entidade pernambucana, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) também estará no novo protocolo. “Não só as crianças com microcefalia apresentam problemas visuais. Essa informação nos ajudou a compor essa síndrome. Agora, toda criança que a mãe teve zika vai fazer o teste oftalmológico completo”, afirma a secretária executiva de Vigilância em Saúde do estado, Luciana Albuquerque.
Ao contrário dos documentos anteriores, segundo ela, essa será a primeira vez que o estado tratará no protocolo da rede de assistência a esses bebês afetados pela arboviroses. “Esse protocolo tem foco também na reabilitação que ficamos devendo no protocolo passado. Ele determina que crianças fariam a reabilitação e qual é a rede de reabilitação no estado. É mais para colocar no papel o que já estamos fazendo”, explicou a secretária executiva.
Para Luciana Albuquerque, não há necessidade de fazer alterações em alguns diagnósticos já determinados. O perímetro cefálico estabelecido para determinar se uma criança é portadora de microcefalia, por exemplo, permanece. É de 31,9 centímetros para os meninos e 31,5 centímetros para as meninas. “Deixamos de tratar simplesmente da microcefalia e agora nós olhamos para a Síndrome do Zika Congênito, que vai além da microcefalia, traz outras alterações. O protocolo traz esse tom mais amplo”, detalhou.
Rede
Em julho, o Hospital Regional Fernando Bezerra, em Ouricuri, no Sertão, e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Limoeiro, no Agreste, integrarão essa rede de atendimento a crianças afetadas pelo vírus da zika.
Em setembro, será a vez do Hospital Sílvio Magalhães, em Palmares, na Mata Sul, e o Hospital Regional Belarmino Correia, em Goiana, na Mata Norte, Eles formarão o quadro de assistência com, atualmente, 24 unidades em todo estado.
“A proposta inicial sempre foi descentralizar o atendimento e diminuir a distância percorrida das mães e bebês em busca do atendimento e, principalmente, da reabilitação, que é um processo contínuo e para vida toda. Antes, essa mães percorriam um média de 400 quilômetros em busca de atendimento. Com essas novas unidades, serão 60 quilômetros”, pontuou a secretária executiva de Atenção em Saúde do estado, Cristina Mota.
Estatísticas
Na segunda semana de junho, Pernambuco notificou 3.330 novas suspeitas das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. No mesmo período de sete dias, foram confirmados no estado mais 1.087 casos de arboviroses e decartados 1.156 casos de dengue, febre chikungunya ou vírus da zika. Desde o início do ano, o estado registrou 126.568 notificações dessas três doenças, confirmou 25.958 casos e descartou 30.184 suspeitas.
Os dados integraram o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) na terça-feira (14). A dengue e a chikungunya foram responsáveis por 96% dessas novas notificações de arboviroses em Pernambuco, com 1.668 e 1.527 suspeitas notificadas em uma semana, respectivamente. Com relação ao boletim anterior, divulgado pela SES no dia 7 de junho, foram 864 novos casos confirmados de dengue e 223 da febre chikungunya.
Quanto ao vírus da zika, o número de pacientes que tiveram o diagnóstico confirmado permaneceu inalterado, com 23 confirmações no estado, assim como o de suspeitas descartadas, que se mantém em 171. O que mudou foi o número de notificações da zika, com 135 a mais.
Em Pernambuco, o número de óbitos suspeitos pelas doenças causadas pelo Aedes aegypti subiu para 251, nove a mais que o último boletim da secretaria. Já a quantidade de mortes no estado devido às arboviroses continua a mesma, sendo 22 óbitos por chikungunya e seis por dengue. Uma morte foi descartada para as arboviroses enquanto as demais continuam em investigação.
Esses dados se referem ao período de 3 de janeiro a 10 de junho. No ano passado, na mesma época, foram 44 óbitos suspeitos de dengue e 16 com resultado laboratorial positivo para essa doença.
Balanço
Neste ano, até 10 de junho, Pernambuco notificou 80.711 casos da dengue em 184 municípios e no distrito de Fernando de Noronha, com a confirmação de 17.791 deles e 21.073 suspeitas descartadas. O último boletim da secretaria registrou que 79.043 casos da doença estavam sendo investigados, dos quais 16.927 pacientes tiveram diagnóstico confirmado da doença e 19.917 suspeitas foram descartadas.
Com relação às notificações de chikungunya, Pernambuco conta com 35.538 casos suspeitos, dos quais 8.144 foram confirmados e 8.940 descartados, em 178 municípios e em Fernando de Noronha. No boletim anterior divulgado pela Secretaria de Saúde de Pernambuco, foram 34.011 notificações, com 7.921 confirmações e mesmo número de suspeitas descartadas.
Também foram notificados, em 147 municípios do estado e em Fernando de Noronha, 10.319 casos suspeitos do vírus da zika. Desses, o número de confirmações se mantém em 23, assim como o de casos descartados, que continua em 171. No último boletim da secretaria, foram registradas 10.184 notificações no estado.
Thays Estarque – Do G1 PE
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