(Aqui acontece, 01/07/2016) Estudo realizado com 123 mães e bebês de Sergipe confirmou a associação da Microcefalia ao Zika vírus. A pesquisa iniciada pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen), em parceria com o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), é resultante da análise das amostras coletadas de sangue e saliva para pesquisa de anticorpos contra o Zika Vírus e outros patógenos que podem provocar a Microcefalia em fetos.
A coleta do material, feita no período de 31 de março a 10 de maio, teve como público alvo as mães e os bebês que foram inseridos e notificados no critério de Microcefalia nos municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Laranjeiras, Itabaiana, Cumbe, São Cristóvão, Pacatuba, Nossa Senhora da Glória, Santa Luzia do Itanhy, Santo Amaro, Simão Dias, Aquidabã, Cristinápolis, Riachão do Dantas, Capela e Itaporanga D’Ajuda.
De acordo com o gerente dos serviços de Imunobiologia e Biologia Molecular do Lacen, Cliomar Alves dos Santos, a pesquisa contou com a participação das mães de bebês com e sem microcefalia, tomando por base os bebês que, ao nascer, foram enquadrados no critério e mães que tiveram fetos natimortos. “Durante a realização da coleta as mães compareceram ao Laboratório Central, coletamos o material e encaminhamos para o Instituto de Ciências Biológicas, coordenado pelo professor Paolo Zanotto”, lembrou o gerente.
Santos informou que, mediante a conclusão do trabalho de pesquisa em São Paulo, constatou-se que 52 amostras deram reagentes para Zika IgG, sete apresentaram resultados indeterminados para Zika IgG e três deram reagentes para Zika IgM.
“Com estes resultados conseguimos estabelecer o vínculo epidemiológico e a correlação positiva de que a infecção pelo Zika Vírus provocou a microcefalia nestes bebês”, justificou o farmacêutico bioquímico.
Ainda segundo o gerente dos serviços de Imunobiologia do Lacen, os estudos não explicam a origem do vírus, mas podem predizer que o vírus da Zika brasileira tem genes da Zika africana e asiática.
“A população e, principalmente, as mulheres grávidas devem ficar atentas para possíveis sintomas. Essas gestantes devem procurar uma unidade de saúde e fazer o exame para comprovar a infecção até o quinto dia de algum dos sintomas como dor de cabeça, manchas, dores no corpo e febre. Os efeitos provocados pela Zika são muito sérios e permanentes. Por isso, precisam ser investigados”, adverte.
Após as avaliações realizadas entre os profissionais envolvidos nos estudos, o próximo passo será a entrega dos resultados a cada mãe a partir do dia 04 de julho. Também será aplicado um questionário para complementar os dados necessários para o estudo a fim de fechar as vertentes genéticas e médica da abordagem para essa população alvo.
Diagnóstico e Tratamento
Sobre o material para a investigação do Zika vírus, o profissional destaca que, atualmente existe um kit comercial para pesquisa de anticorpos no sangue que encontra-se em fase de testes. “Ainda este ano, o Ministério da Saúde (MS) deverá distribuir o produto para rede pública, caso os resultados destes testes sejam satisfatórios”.
Em relação à prevenção da Microcefalia, ainda não existe um medicamento específico no mercado. “A vacina está sendo estudada por pesquisadores em todo o mundo e pode ser finalizada no prazo de até três anos”, concluiu Santos.
por Agência Sergipe
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