(Folha de Pernambuco, 05/07/2016) Alertas para a síndrome congênita do zika lotaram centros de diagnóstico por imagens com mães ansiosas em busca de informações sobre os bebês.
O diagnóstico fetal nunca foi tão frequente quanto nos últimos 12 meses. Saber como o bebê está se desenvolvendo no útero virou uma das prioridades da gestação. O motivo é descobrir se o bebê tem alguma malformação que indique a presença da síndrome congênita do zika. Foi por causa das incertezas em relação aos prejuízos que o vírus poderia trazer às crianças que os parques diagnósticos por imagem foram enchendo.
Apesar da queda no número de novos casos de microcefalia nos últimos seis meses, o médico comentou que as gestantes ainda trazem essa angústia. “A primeira pergunta era o sexo. Agora, a primeira pergunta é qual o tamanho da cabeça. Ninguém tinha ideia do perímetro cefálico do bebê, ninguém nem sabia o que era”, comentou o especialista em medicina fetal e ultrassom, o médico Carlos Reinaldo Carneiro Marques.
Até o dia 25 de junho, houve a confirmação de 29 casos de microcefalia intraútero em Pernambuco. Já são 2.014 bebês notificados com microcefalia e outros danos neurológicos, sendo desses 366 confirmados e 1.167 descartados.
Daniela Alves, 29 anos, foi uma dessas mães. “Quando descobri a gravidez, foi bem no pico do zika. Foi um desespero no início. Passei a fazer ultrassons todo o mês”, contou. Ela disse ainda que, desta vez, a ansiedade não era tanto por descobrir o sexo do bebê, mas o tamanho da cabeça. Com o parto programado para esta terça-feira, a assistente administrativa ainda guarda uma ponta de apreensão que só deve ser sanada quando pegar a filha Melissa nos braços.
De acordo com Marques, não é necessário fazer muitas ultras, mas fazer os exames no momento certo. “O principal é saber a idade gestacional precisa. Porque, se o médico não fizer um exame até nove semanas, fica com a margem de erro muito grande.”
Segundo ele, prioritariamente devem ser feitas de duas a três ultrassonografias. “Obrigatoriamente, a gente tem a ultrassom de 11 a 14 semanas, que é específica, chamada de translucencia nucal. Esta, além de verificar a anatomia, consegue ver quase tudo do bebê com clareza, como mãos, pés, coluna, estômago, bexiga e coração. A gente consegue também diagnosticar ou avaliar o risco de síndrome de Down e outras síndromes cromossômicas. A segunda é a ultrassom morfológica, realizada entre 20 e 24 semanas. A última, no terceiro trimestre, avalia peso e crescimento.”
O médico destacou que é no teste morfológico que a microcefalia pode ser mais bem avaliada. Até antes desse período o peso do bebê é de aproximadamente 350 gramas, o que representa apenas 10% do peso total ao nascer. “Dessa forma, no começo da gravidez ocorre aumento de 10% de massa corporal e, no fim, 90%. Só se pode avaliar se algo está crescendo no período de crescimento”, justificou.
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