(Agência Brasil, 04/07/2016) A educação, a formação e as melhorias das condições socioecônomicas das famílias são essenciais para o êxito de qualquer campanha de combate à violência contra a mulher no Timor-Leste, disse hoje (4) o primeiro-ministro timorense, Rui Araújo.
Ele comentou resultados – que considerou alarmantes – de um estudo recente da Asia Foundation, que indica que quase 60% das mulheres timorenses foram alvo de violência física ou sexual.
“Se a família, em termos econômicos, não tem condições para providenciar uma vida melhor aos seus membros, é muito fértil a violência e, até certo ponto, as pessoas pensam que essa violência tem razão de ser, baseando-se nas circunstâncias difíceis que a família enfrenta”, explicou Araújo. Para ele, “as pessoas sentem-se quase resignadas às circunstâncias difíceis em que vivem. E isso não pode ser mudado de um dia para outro. Tem a ver com a educação, o desenvolvimento socioeconômico de toda a sociedade e das famílias em si”.
Apesar de se manifestar preocupado com os dados e de afirmar que o governo tem trabalhado para tentar solucionar o problema, o primeiro-ministro lembrou que é preciso considerar o contexto em que os dados foram recolhidos e a linguagem usada.
“Não estou questionando a validade da metodologia, mas é preciso ver melhor o contexto em que os dados foram recolhidos. Há uma questão muito importante, a da linguagem utilizada nesse tipo de pesquisa, que também faz diferença na interpretação”, disse.
Entre os indicadores preocupantes do estudo estão os dados sobre a perceção que os timorenses têm dessa violência, já que dois terços das mulheres consideram que devem aguentar violência dos maridos para manter a família junta e 81% veem justificativa no fato de o companheiro lhes bater se não lhe obedecerem ou cumprirem bem as tarefas domésticas.
A maioria das mulheres (81%) e dos homens (79%) considera que um marido pode bater na mulher em determinadas circunstâncias, “como quando ela lhe desobedece, quando ela não completa satisfatoriamente o trabalho doméstico”.
“Mudar isso é algo que só se conseguirá a médio e longo prazo. Não se muda do dia para a noite. Tem a ver com a educação, com a criação de condições para que as pessoas vivam realmente longe das circunstâncias em que se possam tornar violentos”, afirmou.
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