(Agência Brasil, 08/07/2016) A Defensoria Pública da União (DPU) recomendou ao Comitê Organizador Rio 2016 e à prefeitura do Rio de Janeiro a garantia de inclusão das religiões de matriz africana no centro ecumênico construído na Vila Olímpica, zona oeste do Rio de Janeiro.
O local vai oferecer cerimônias do cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. O defensor público da União Edílson Santana explicou que a recomendação se baseia em pactos e convenções internacionais de Direitos Humanos e na Constituição Federal de 1988, em especial o Artigo 5º, que versa sobre o direito fundamental à liberdade de consciência e de crença e o livre exercício dos cultos religiosos.
“A recomendação se dá para garantir o exercício do direito fundamental à religiosidade por todas as práticas religiosas, com foco específico nas religiões de matriz africana, para garantir um ambiente de pluralismo”.
O Comitê Olímpico Internacional, o Comitê Organizador Rio 2016 e a prefeitura do Rio de Janeiro têm prazo de dez dias para encaminhar as respectivas razões se não concordarem com o conteúdo da recomendação.
Religiões mais seguidas
O Comitê Organizador da Rio 2016 explicou que o Comitê Olímpico Internacional (COI) é o responsável pelo centro e que este priorizou as cinco religiões mais seguidas pelos atletas que participarão das competições com base em levantamento estatístico. O comitê disse, entretanto, que o local inter-religioso estará aberto para adeptos de todas as religiões interessados em auxílio espiritual e que se algum atleta solicitar a presença de um líder religioso fora das cinco citadas terá direito ao encontro.
Para o babalaô Ivanir dos Santos, faltou diálogo dos organizadores com os líderes religiosos do país. “O argumento do Comitê Olímpico não se justifica, ainda mais sendo uma Olimpíada no Brasil. É preciso levar em conta também a composição religiosa do país-sede. Há outros segmentos que também foram excluídos, mas no caso das de matriz africana são religiões muito perseguidas no Brasil, então estabelecer esse direito é um passo positivo”, disse. “Ainda estamos aguardando o comitê olímpico chamar as religiões para discutir a melhor participação delas nesse espaço”.
O centro vai funcionar das 7h às 22h, com rituais de cada religião que serão feitos em português, espanhol e inglês, além de um ambiente de convivência e uma sala para aconselhamento particular aos atletas. Ao todo, mais de 10 mil atletas olímpicos e 4 mil paralímpicos de 200 países ficarão abrigados na Vila Olímpica.
De acordo com o Censo de 2010, o Brasil tem mais de 588 mil seguidores das religiões de matriz africana ou 0,3% do total de praticantes de alguma religião.
Flávia Villela; Edição: Fábio Massalli. Colaborou Ligia Souto, repórter do Radiojornalismo
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