Nota de repúdio: Basta de violencia contra a mulher

19 de julho, 2016

(Geledés, 19/07/2016) Nós do Centro de Defesa e Convivência da Mulher Anastácia bem como outros serviços que atendem na região de Guaianases e Lajeado, juntamente com os movimentos de mulheres vimos por meio desta nota, manifestar nosso total repúdio aos atos bárbaros de feminicídios que ocorreram na região e que endossam os índices alarmantes de violência contra a mulher.

Em especial, o caso de E.S assinada pelo seu ex-companheiro em meio à praça púbica no dia 21 de abril, aniversário da Cidade Tiradentes. Nossa indignação aumenta quando tivemos conhecimento que E.S registrou B.O nove meses antes de seu assassinato, por lesão corporal e ameaça e além de ter representado o B.O, soliciou medidas protetivas de proibição de aproximação e contato em face de seu ex – companheiro, porém a medida protetiva não foi expedida, mas tanto ela quanto familiares acreditava que estavam amparados pela justiça.

Além deste caso, somam-se outros relatos de assassiantos de mulheres que foram esfaqueadas, queimadas, estupradas e jogada em corrego, além dos relatos de assédio sexual que as mulheres vivenciamm diariamente, incluse em serviços públicos.

Cobramos das autoridades policiais e judicias plena efetivação da Lei Maria da Penha que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Dentre elas, a deliberação das Medidas Protetivas de Urgência que entre outras coisas, pode obrigar o agressor a se afastar da casa da vítima e o proibir de manter contato com a vítima e seus familiares. Dados confirmam a necessidade de tomar estas medidas, segundo pesquisa de 2010 da Fundação Perseu Abramo, cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no país; uma em cada cinco mulheres afirmaram que já sofreram algum tipo de violência de um homem, conhecido ou não. O parceiro é responsável por 80% dos casos reportados.

Além da morbidade da justiça, os impactos do racismo patriarcal na experiência da violência doméstica para mulheres negras agrava essa situação. A taxa de homicídio de mulheres negras é o dobro da taxa das mulheres brancas, com relação aos estupros esse índice também é três vezes maior paras as mulheres negras e pobres que vivem nas regiões mais carentes de São Paulo, caso da Cidade Tiradentes e adjacência. A violência de gênero é marcante nas relações desiguais de poder entre homens e mulheres e relacionam-se intimamente com as opressões de raça, classe social, orientação sexual e outras formas de discriminação e preconceito. É por essa razão que denunciamos: o feminicídio tem cor e endereço!!!

É necessário que as mulheres rompam com o silêncio que as aprisiona em relações de dominação e violência, mas é igualmente importante o envolvimento da sociedade, dos governos e demais órgãos públicos para a prevenção da violência contra a mulher, contribuindo e efetivando politicas públicas de combate a violência de gênero. Entre tantas urgências, nos manifestamos pela garantia dos direitos humanos das mulheres, que implica na plena efetivação da Lei Maria da Penha e por uma educação que favoreça uma cultura não sexista capaz de combater o machismo e a violência contra as mulheres e meninas.

DENUNCIE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!

Assinam esse manifesto:
CDCM Anastácia; CDCM Viviane dos Santos; CDCM Mulher Ação; Supervisão de Saúde de Cidade Tiradentes e Coletivo Mulheres de Ori.

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