(Folha de S.Paulo) Cada vez mais mulheres decidem não ter filhos. Nos últimos 50 anos, a média de filhos por mulher no Brasil caiu de 6,1 para 1,9. Muitas só diminuíram o número de herdeiros, mas uma grande parte decidiu voluntariamente por não tê-los.
Segundo o demógrafo José Eustáquio Alves, pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, sempre houve uma porcentagem de mulheres sem filhos.
Eram as chamadas solteironas ou aquelas que tinham problemas para engravidar, em torno de 10% da população. “Hoje, estima-se que 14% não são mães.”
Esse crescimento do número de mulheres que optam por não terem filhos aconteceu na última década, motivado por razões que vão muito além da popularização da pílula anticoncepcional. Filhas da geração de mães multitarefas, as jovens que tem hoje entre 25 a 35 anos não querem ser heroínas.
“Apesar da queda nas taxas de fecundidade, a maternidade nunca esteve tão valorizada, afirma a filósofa francesa Elisabeth Badinter, 67. No livro “O Conflito”, que acaba de ser lançado no Brasil, ela mostra como as mães voltaram a ser submetidas ao ‘império do bebê’. Elas devem amamentar ‘sob a pena de serem culpadas pela doença do filho’, lavar fraldas para não agredir o meio ambiente e fazer papinhas sem conservantes.”
Leia na íntegra: Elas não querem filhos / ‘Império do bebê afasta mulheres da maternidade’, diz Elisabeth Badinter / ‘Não quero dividir meu tempo com uma criança’ / ‘Já me questionei, mas sei que fiz a opção correta’ / ‘É egoísmo ter filho sem ter vontade’ (Folha de S.Paulo – 10/05/2011)