Mais de dois terços das mulheres na política se sentiram discriminadas por causa do gênero, de acordo com pesquisa feita pelo DataSenado, em parceira com a Procuradoria da Mulher e com a Ouvidoria do Senado.
(HuffPost Brasil, 08/09/2016 – acesse no site de origem)
De acordo com o levantamento, 37% das mulheres afirmaram ter passado por episódios de preconceito no meio político, em contraposição a 17% dos homens.
O estudo Equidade de gênero na política 2016 foi feito com candidatas e candidatos nas eleições municipais de 2012 e gerais de 2014.
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O DataSenado selecionou uma amostra de abrangência nacional de 1.287 pessoas que concorreram nos pleitos dos dois anos e e coletou informações desses candidatos em entrevistas telefônicas realizadas entre 23 de fevereiro e 4 de março de 2016.
Considerando todos candidatos de 2012 e de 2014, apenas 21% eram do sexo feminino, enquanto 50,64% da população brasileira é mulher, de acordo com dados mais recentes do IBGE.
A visão da maioria (54%) é que o sistema político privilegia indivíduos do sexo masculino. Para outros 42%, o gênero do candidato não faz diferença.
Quando só as mulheres são questionadas, 73% entendem que o ambiente não as favorece. O valor baixa para 49% na amostra só com homens.
Também foi constatada influência do cônjuge para as mulheres entrarem na política. Nenhum homem relatou ter companheira ou ex que tenha sido eleita anteriormente, enquanto 21% das mulheres responderam que sim.
Cotas
Entre os entrevistados dos sexo masculino, 80% afirmam que a candidatura se deveu mais a iniciativa própria do que a esforço do partido. Outros 18% atribuíram a entrada na disputa eleitoral a incentivos do partido.
Já entre as mulheres, 44% atribuem suas candidaturas às legendas e 53% a si mesmas.
De acordo com a Lei de Cotas, um partido não pode lançar mais de 70% de candidatos de um mesmo gênero. Para 78% dos entrevistados, essa regra ajuda a eleição das mulheres.
Para 82% dos entrevistados, homens apresentam mais interesse por política que mulheres; sendo que 68% das candidatas concordam com tal afirmação, contra 86% dos candidatos.
Entre as iniciativas para aumentar o percentual feminino em cargos eletivos, investimento na formação de novas lideranças femininas foi indicado por 91% dos entrevistados.
Em seguida, 84% apontou mais espaço na mídia para mulheres, 81% maior presença feminina em cargos diretivos dos partidos e 78% mais verbas do fundo partidário voltadas para essa temática.