(Folha de S.Paulo) As empregadas domésticas tiveram ganhos salariais acima da média da população brasileira nos últimos anos, segundo pesquisa do DataPopular, realizada a pedido do jornal Folha de S.Paulo com base em dados do IBGE. Um dos motivos para essa valorização profissional foi a redução na oferta de mão de obra. O rendimento médio individual das domésticas cresceu 43,5% entre 2002 e 2011, já descontados os efeitos da inflação. No mesmo período, os ganhos dos brasileiros aumentaram 25%.
“Há cada vez menos trabalhadoras interessadas em fazer serviços domésticos, porque elas estão encontrando outras oportunidades”, diz Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.
Outro motivo para esse crescimento real foi a valorização do salário mínimo nos últimos anos. “Como o salário de muitas é vinculado ao piso, o impacto na categoria é grande”, afirma o economista Claudio Salvadori Dedecca, da Unicamp, estudioso do mercado de trabalho.
Em relação à redução da oferta dessa mão de obra, o diretor do Data Popular destaca ainda que ela veio com o aumento na escolaridade. “Quase dobrou o número de trabalhadoras que chegaram ao ensino médio nos últimos nove anos. Com estudo, podem buscar outros campos para atuarem.” Hoje, 23,% têm ensino médio e têm 1,3% superior, frente 12,7% e 0,7% em 2002, revela o levantamento.
A presidente da Fenatrad (Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos), Creuza Maria Oliveira, concorda com essa avaliação.
“As mais jovens, que conseguiram estudar porque hoje há mais facilidades, estão indo para o mercado atrás de outras oportunidades. A maioria não quer trabalhar como doméstica”, afirma a dirigente.
Apesar disso, o segmento ainda emprega 6,02 milhões -sem considerar motoristas, jardineiros e limpadores de piscina. Com eles, o número sobe para cerca de 7 milhões. “O emprego doméstico não está em rota de extinção, como há algumas décadas se chegou a cogitar. Continua em expansão, mas em um ritmo menor e com aumento de custos”, afirma Dedecca.
Segundo a presidente da Fenatrad, está em curso um “envelhecimento” da categoria. “Com menos jovens dispostas a atuar nos serviços domésticos, ocorre essa tendência de que as profissionais atuando sejam as mais velhas.” A pesquisa mostra que a idade média passou de 35 anos, em 2002, para 39 anos, em 2011.
Veja esse notícia na íntegra: Renda das domésticas cresce acima da média (Folha de S.Paulo – 24/06/2011)