04/06/2012 – Jovem importa ativismo de peito nu do Femen para o Brasil

04 de junho, 2012

sarawinter300_zanonefraissat_folhapress(Diógenes Muniz, editor-adjunto da TVFolha, para a Folha de S.Paulo) Jovem de 19 anos quer importar para o Brasil o ativismo radical e de peito nu de grupo feminista Femen, originário da Ucrânia

“Já posso tirar?”, pergunta, sorrindo, a jovem de 19 anos. Ela se despe da parte de cima da roupa em pleno vão livre do Masp, na avenida Paulista, em São Paulo.

Cabelos loiros, pele branca, batom vermelho, Sara Winter (sobrenome fictício, “para não envolver a família”) é a primeira integrante brasileira do grupo ucraniano Femen.

Nascida em São Carlos (interior de SP), a estudante de cinema faz parte de uma máquina de protestos com quase 400 militantes espalhadas pelo mundo. O grupo feminista surgiu na Ucrânia, em 2008, e tem como principal objetivo combater o patriarcado, ou seja, o modelo de organização da sociedade em que o homem prevalece.

“No início, os protestos eram com roupa, mas não adiantavam nada. Quando começaram a exibir os seios, aí decolou”, constata Sara. Há ainda significado político dos seios à mostra: autonomia sobre o próprio corpo.

Hoje, o Femen é uma grife global. Suas ações (denominadas “ataques”) surgem na mídia dia sim, dia não. Via de regra, acabam presas.

EUROCOPA

As mulheres do Femen já mostraram os peitos na Itália (contra o ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi), na Suíça (contra o Fórum Econômico Mundial), na França (contra o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Khan e contra o Islã), na Rússia (contra o presidente Vladimir Putin) e na Turquia (contra a violência doméstica).

Agora, voltam-se com toda a força para sua cidade de origem, Kiev, contrárias à organização da Eurocopa na Ucrânia. O torneio serve, na visão delas, ao turismo sexual.

É para lá que Sara, recém-aceita no coletivo, embarca neste mês. Ela conseguiu a doação de R$ 2.000 do grupo ucraniano e tenta angariar mais dinheiro pela internet.

A ideia é passar por treinamento em ações diretas.

GRETCHEN

Sara já tem “ataques” no currículo. No mês passado, tentou invadir o show de Gretchen (“deprecia a imagem da mulher brasileira”) na Virada Cultural. Acabou interceptada por um segurança, mas convenceu a organização a discursar após o show.

“Não queremos destruir esse tipo de mulher que a Gretchen representa, só queremos mostrar que a mulher brasileira não é só assim.”

Até 2014, Sara espera arrebanhar mais 20 meninas para bolar ataques à organização da Copa no Brasil.

“O alvo será o turismo sexual”, discursa. Mas, será que protestos nus surpreendem alguém no país do Carnaval?

“Com certeza! As pessoas acham que os protestos com peito nu não vão chocar no Brasil, mas é só lembrar que vivemos num país de maioria católica. Não é bem assim.”


DIREITOS REPRODUTIVOS

Em abril deste ano, três moças integrantes do grupo Femen escalaram a torre da categral de Santa Sofia, em Kiev, capital da Ucrânia, para protestar contra projeto de lei submetido ao Parlamento que propõe a criminalização do aborto no país

Gleb Garanich/Reuters

OPRESSÃO RELIGIOSA

Em março, ativistas protestaram de topless em frente à Torre Eiffel, em Paris, contra a opressão da mulher sob o Islã, incitando as muçulmanas a se rebelarem contra os preceitos da “sharia” (a lei islâmica)

MERCANTILIZAÇÃO DO CORPO

Em fevereiro, o grupo esteve na semana de moda de Milão, na Itália, para criticar a exploração do corpo da mulher pela indústria da moda

CRISE ECONÔMICA

Em janeiro, ativistas do Femen enfrentaram a neve em Davos, na Suíça, para denunciar as causas da crise econômica mundial durante o fórum econômico

Assista a entrevista com integrante do Femen: folha.com/no1099324

Acesse em pdf:
Topless com causa (Folha de S.Paulo – 04/06/2012)
Jovem de 19 anos importa ativismo de peito nu do Femen para o Brasil (Folha.com – 03/06/2012)

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