Cada vez mais, a sociedade passa a entender que cuidar da família e da casa não deve ser uma atribuição exclusivamente feminina
(Correio Braziliense, 06/11/2016 – acesse no site de origem)
Segundo levantamento do instituto de pesquisas internacionais Ipsos Mori, o Brasil foi o país do G20 em que ser mãe apresentou menos relevância como um desafio para a trajetória profissional: 74% das mulheres daqui estão confiantes de que é possível ter uma família sem afetar a carreira. Economista especializada em gênero, Tânia Fontenele vê nisso algo positivo.
“Antes, muitas deixavam de se inserir no mercado por causa da questão familiar. O percentual mostra que elas estão gerenciando melhor essa questão e priorizando a carreira, independentemente dos filhos”, comenta. Ela acredita que o avanço se deve ao fato de, aos poucos, o sistema de escola e creche ter melhorado. Também contribuiu a disseminação da consciência de que cuidar dos filhos não é uma missão exclusiva da mãe, pois também cabe ao pai.
Para Talita Frisoli, coach de mães na empresa Posture Coach, mais pessoas passaram a ter essa noção, mas isso ainda é insuficiente. “Existe uma ação das feministas muito forte em relação à divisão de tarefas, mas vejo também uma mudança por parte das mulheres que não têm princípios feministas: elas entendem que precisam dar conta da casa sozinhas e de trabalhar fora. É o que muitas querem, inclusive. Há certa mudança de pensamento, mas ainda temos muito a avançar com relação a compartilhamento de tarefas”, analisa a consultora. Para isso, é necessário maiores esforços e iniciativas que busquem a equidade de gênero. “É uma questão da comunidade como um todo: precisamos de políticas públicas, iniciativa por parte das empresas e das próprias mulheres”, diz a coach.
Ana Paula Lisboa