O interrogatório em Londres do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, sobre uma denúncia de estupro apresentada contra ele na Suécia em 2010, terminou nesta terça-feira, após dois dias de audiência, um novo capítulo de um caso que tem repercussão diplomática.
(IstoÉ, 15/11/2016 – acesse no site de origem)
O interrogatório aconteceu na embaixada do Equador, onde o australiano, 45, está refugiado desde 2012. O procurador equatoriano Wilson Toainga fez as perguntas, na presença da colega sueca Ingrid Isgren.
“O resultado será divulgado posteriormente por escrito pelo Equador aos procuradores suecos. Quando tiver sido redigida a ata, os procuradores irão determinar uma posição sobre o prosseguimento da investigação preliminar”, disse a procuradoria em um comunicado.
O advogado sueco de Assange, Per Samuelsson, anunciou que irá recorrer da decisão judicial de não deixá-lo assistir ao interrogatório.
Assange nega o estupro pelo qual o acusa desde 2010 uma sueca. Segundo o WikiLeaks, o australiano cooperou totalmente durante o interrogatório, que solicitou há tempos, mas que a procuradoria sueca lhe havia negado por considerar que não se reuniam as condições necessárias na embaixada de Londres.
A Justiça sueca reprova Assange por ter evitado sistematicamente suas convocações, mas, segundo seu advogado, ele “sempre quis apresentar sua versão dos fatos diretamente aos investigadores”.
“Quer ter a oportunidade de limpar sua imagem (…) e espera que a investigação preliminar seja suspensa” após o interrogatório.
A advogada da mulher que apresentou a denúncia, Elisabeth Fritz, considerou positivo o fato de Assange ter sido interrogado.
Um primeiro interrogatório, previsto para meados de outubro com o procurador Toainga, foi adiado a pedido de Assange, que alegou garantias insuficientes de proteção, segundo o Equador.
Desde a denúncia de 2010, o fundador do Wikileaks enfrenta uma ordem de prisão europeia, motivada pela investigação da Justiça sueca.
Assange teme voltar à Suécia por medo de ser extraditado para os Estados Unidos, onde é criticado pela publicação pelo WikiLeaks, em 2010, de 500 mil documentos classificados sobre Iraque e Afeganistão, assim como 250 mil comunicações diplomáticas.
Ele não deixou a embaixada em Londres desde então, recluso em um pequeno apartamento e tendo que se contentar com algumas aparições públicas em sua varanda.