Vencedoras nas categorias de Rainhas transexual, transformista e drag, além de passista homossexual foram escolhidos na noite dessa quinta, 9.
Pela primeira vez, o carnaval de São Paulo vai ter oficialmente uma corte LGBT. O concurso – realizado há nove anos por ativistas da causa, mas informalmente – foi finalmente reconhecido pela UESP (União das Escolas de Samba Paulistanas) e realizado na noite dessa quinta-feira, 9, na quadra da Vila Maria em São Paulo.
Na ocasião, Camilly Rodrigues, da escola de samba Mocidade Unida da Mooca, foi eleita Rainha Transexual; Sthephanny Monphettiny, da Barroca da Zona Sul, a Rainha Transformista; Fabyany Carraro Brasil, da Império Real, a Rainha Drag Queen; e Adson Tretinne, da Unida da Mooca, como passista.
(EGO, 10/02/2017 – acesse no site de origem)
Adson e Sthephanny tinham uma torcida grande e contaram ter o apoio da família. “Eu lutei bastante. Acho que os LGBTs têm levado respeito onde vão e conquistado muitas coisas”, disse o passista. “Todas as concorrentes foram vencedoras, foi uma luta estar aqui, realizando esse sonho. Quando saí de casa, quase pronta, minha mãe falou: ‘você está linda’. Já sofri preconceito, mas passou, sigo e olho pra frente”, declarou a Rainha Transformista.
Já Camilly e Fabyany estavam muito emocionadas com o prêmio. “Não esperava mesmo ganhar. Só eu sei o quanto quis conquistar essa faixa, não só por mim, mas por todas as drag queens e artistas que sofrem preconceito. E a UESP mostrou valorizar a nossa arte, e isso é muito importante”, explicou Fabyany. “Foi um sonho não só meu, mas de todo mundo que veio aqui torcer por mim. Os LGBTs, a partir de agora, serão vistos por outros olhos, porque nem tudo que aparenta é”, opinou Camilly.
‘A fé não escolhe as pessoas’
Andréa Bionda, passista transexual da Vila Maria, e uma das organizadoras do evento – que já levou a faixa de Rainha Trans em 2015 – disse que a oficialização da corte LGBT é uma momento histórico. “Quando chegávamos nas escolas com a faixa e a coroa, olhavam pra gente e continuavam da mesma forma, não respeitavam. Existe um preconceito ainda no mundo do samba. Estamos no século XXI, mas com pensamento de primatas. Avaliamos as pessoas pela sexualidade e não pelo caráter. Mas agora o presidente Kaxitu Ricardo Campos, da UESP, ouviu nossa proposta e decidiu abraçar nossa causa. O dia de hoje é histórico. Estou emocionada”, disse ela.
Bionda também comentou o fato do concurso acontecer na Vila Maria, escola que tem como tema a Nossa Senhora Aparecida. “É uma mistura com respeito, porque fé não escolhe as pessoas. O presidente da escola abriu esse espaço falando que Nossa Senhora é Mãe de todos e todos têm que fazer parte da vida”, completou, emocionada.
Andréa Bionda, aliás, foi homenageada no evento, ao lado de outros ativistas da causa LGBT, como Salete Campari e Silvetty Montilla.
Thaís Sant’Anna
Do EGO, em São Paulo