Tramita na Câmara dos Deputados um projeto para reduzir a pena para estupro de vulnerável, atenuando a condenação em casos sem penetração ou sexo oral na vítima ou quando não houver violência física ou psicológica – como se houvesse estupro sem violência.
(Estadão.com, 08/03/2017 – acesse no site de origem)
O assassino condenado pela Justiça e ex-goleiro Bruno conseguiu um Habeas Corpus e saiu da prisão. Foi parados por fãs para tirar selfies, incluindo uma pessoa vestindo uma máscara de cachorro (Bruno jogou o corpo de Eliza Samudio para os cachorros comerem e o cadáver nunca foi encontrado). Diz-se que ele recebeu propostas de 9 clubes diferentes para voltar a jogar, inclusive em equipes da série A.
A atriz norte-americana Jane Fonda, de 79 anos, revelou ter sido estuprada na infância. Um dos apresentadores mais conhecidos do Brasil desdenhou em seu Twitter: “E eu com isso?”, minimizando o crime e a dor da vítima.
Nada disso aconteceu no século passado e sim na última semana. Em pleno 2017, quando insistem em nos dizer que o movimento de mulheres não é mais necessário, que já conquistamos todos os direitos e que qualquer reivindicação é mimimi.
Esses 3 eventos não deixam pairar qualquer dúvida sobre a legitimidade do movimento das mulheres. Nós lutamos há séculos e continuamos lutando até hoje pelo direito de existir. Pelo direito de sermos vistas, consideradas, respeitadas. Lutamos por uma vida sem violência, desigualdade ou discriminação. São séculos em busca dos mesmos direitos básicos.
Por isso hoje, dia 8 de março, continuamos a luta. Dessa vez, tem greve das mulheres no mundo inteiro. Uma luta global, bonita de ver, num momento em que estamos sob ataque impiedoso e constante no mundo inteiro. Nesse contexto, a única alternativa é resistir.
O 8 de março é só um dia, acaba em 24 horas. Mas o que ele carrega desde sua origem está conosco o ano inteiro. Hoje é dia de mostrar nossa força, recarregar nossas energias e lembrar que nós podemos muito, que somos muitas e que estamos dispostas a lutar pelo o que é nosso. Hoje é dia de ir para rua, olhar para a mulher do lado e encontrar forças para continuar. É dia de lutar como as que nos antecederam para que as que nos sucederão não o tenham que fazer.
Apesar dos pesares, nós mulheres existimos. E resistimos. Desde sempre e até quando precisar ser.
O 8 de março não é coisa do passado. O 8 de março não poderia ser mais presente.
Numa data tão marcante e com tanta coisa boa sendo produzida, fica até difícil escolher o que destacar, mas:
– A Editora Boitempo acaba de lançar o livro “A Revolução das mulheres – emancipação feminina na Rússia Soviética”, que relembra a luta das mulheres russas, considerado o marco para a institucionalização do 8 de março como Dia Internacional das Mulheres. Conversa muito com o tema desse ano, já que há a convocatória da greve geral. E aproveitando a deixa, a editora está com descontos de até 70% nos títulos escritos por mulheres. Uma boa sacada para o mês de março.
– Falando em trabalho..esse é o tema da vez. Além da greve geral, a ONU escolheu como tema para o 8 de março deste ano a mulher no mundo de trabalho. Esse site está imperdível e tem muitos dados.
– Descobri a Macabéa Edições, selo editorial que publica obras de mulheres e sobre mulheres. Criação de Bianca Garcia e Thayssa Martins, pretende dar o protagonismo merecido às mulheres, historicamente apagadas do mercado editorial e dos espaços políticos. Elas já captaram 10 autoras.
– Saiu o trailer do aguardado documentário “Chega de Fiu Fiu”, da Think Olga. A ONG foi um divisor de águas nas conversas sobre assédio no país. A qualidade é garantida: