A cada semana, a medicina avança um pouco mais na compreensão do vírus Zika. Os cientistas do mundo estão mobilizados para desvendar os mecanismos pelos quais o microorganismo causa danos ao feto durante a gestação.
(Brasileiros.com.br, 04/05/2017 – Acesse o site de origem)
Uma nova pesquisa divulgada hoje acrescenta informações valiosas sobre a diferença nos sintomas nos casos em que a infecção pelo vírus Zika se dá durante a gravidez ou depois do nascimento. Além disso, revelou o poder defensivo de uma substância do sistema imunológico humano para impedir os efeitos da infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
Após o nascimento, em geral, a doença causada pelo vírus Zika apresenta sintomas leves. Porém, a contaminação pelo microorganismo durante a gravidez está associada ao desenvolvimento de malformações fetais muito graves.
Os cientistas partiram do princípio de que as pessoas saudáveis são protegidas do Zika por alguns fatores antivirais fabricados pelo próprio sistema imunológico. Mas restava saber de que maneira essa proteção se manifestava.
Agora, no laboratório, os investigadores demonstraram que a vulnerabilidade ao vírus Zika está ligada à redução nos níveis de um fator antiviral conhecido como IFITM3 (proteína transmembranar induzida por interferon 3). Essa diminuição tornou células do sistema imune cultivadas em laboratório altamente sensíveis à infecção pelo vírus Zika.
A equipe descobriu que IFITM3 normalmente pára a multiplicação do vírus em células humanas em um estágio inicial, impedindo as células infectadas de terem uma morte “por implosão”, comentam os cientistas.
Após constatarem o fenômeno, os pesquisadores concluíram que o fator antiviral IFITM3 bloqueia essa via de morte celular e pode ser útil para prevenir os efeitos da infecção por vírus Zika durante a gravidez.
“Nós descrevemos uma sucessão impressionante de eventos que podem levar à morte de células infectadas com o vírus Zika. Esperançosamente, as células são equipadas com porteiros antivírus que permitem controlar a infecção”, disse o Dr. Olivier Schwartz, principal autor do estudo publicado pela revista científica The EMBO Journal. Os mecanismos de regulação dos níveis do fator antitumoral IFITM3 serão investigados com a perspectiva de desenvolvimento de medicamentos para conter os danos ao feto durante o desenvolvimento no útero se houver contaminação pelo microorganismo.