Após grande marcha de Brasília em 2015, nós, milhares de mulheres negras, entendemos que o nosso papel é continuarmos juntas, por compreendermos o potencial transformador da união de diferentes mulheres negras, de segmentos diversos, com grande acúmulo de força política. Percebemos a incidência necessária que poderíamos fazer em prol das mulheres negras junto ao próprio Movimento Negro e ao Movimento de Mulheres.
Mesmo entendendo que o Núcleo Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras foi desfeito após atingir seu propósito de construção da marcha, nós, em São Paulo, continuamos unidas e realizamos diversos atos somando às lutas das mulheres e dos movimentos populares. Em São Paulo, por exemplo, mais de 3 mil mulheres negras ocuparam as ruas do Centro no dia 25 de julho de 2016 denunciando o racismo e machismo existente na política e também nos colocando na rua contra o governo Temer.
Em momento de intensa polarização política e falta de consenso, inclusive no campo da esquerda, nós mulheres negras seguimos juntas incidindo em todos os espaços que consideramos necessários, construímos um processo de unidade política respeitando a nossa diversidade de posições e em cima de pautas que nos afetam cotidianamente. Seguimos também em solidariedade as mulheres indígenas e quilombolas que lutam cotidianamente pela demarcação de suas terras, e às migrantes, imigrantes e refugiadas que engrossam cada vez mais o coro por um mundo sem fronteiras, exploração, machismo e racismo.
O cenário político atual nos mostra a necessidade de repactuarmos nossa composição a fim de engrossarmos nosso peso político e a disputa de narrativas com o conservadorismo machista, racista, lesbofóbico e transfóbico crescente e a forte cooptação de negros.
A Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, como vamos nos referir agora ao nosso coletivo, é um espaço suprapartidário, suprarreligioso de construção horizontal, não vinculado à nenhuma organização ou governo, autônomo e independente, que propõe um retorno à unicidade da luta negra e feminista.
Convidamos, para se somarem a nós, todas as mulheres pretas, organizadas ou não, todas as entidades mistas, partidos políticos com projeto progressista, coletivas preocupadas com a luta anti-racista, anti-machista e com a luta de classes que demarca lugar especialmente cruel para nós, mulheres negras periféricas.
Fiquem à vontade para ler documentos que demarcam nosso lugar político, como o lançado neste 8 de março de 2017 e o Manifesto da Marcha das Mulheres Negras, lançado em 2016.
Neste dia 02 de junho teremos uma roda de conversa sobre a situação das mulheres negras no atual cenário político, pontuaremos passos futuros e, por fim, encerramos a noite com o samba “Negras em Marcha”. Venha marchar com a gente!