(Patrícia Negrão, da Agência Patrícia Galvão) Leia a entrevista na íntegra:
Silvia Camurça, socióloga, integrante da ONG SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia e da Articulação de Mulheres Brasileiras
Recife/PE
Tel. (81) 3087.2086 / 9937.8635 – [email protected] / [email protected]
“A Marcha é uma demonstração da força e da capacidade política de organização e mobilização das mulheres rurais”
“Ao reunir mais de 70 mil mulheres de todo o país em Brasília, a Marcha das Margaridas mostra o quanto ainda não está resolvida a desigualdade entre homens e mulheres.
Neste ano, uma das estratégias das lideranças rurais foi a aliança com as mulheres das cidades. Organizações como a União Brasileira das Mulheres, a Marcha Mundial das Mulheres e o Movimento Articulado da Amazônia estão participando desde o início da construção da Marcha, contribuindo na elaboração das pautas de negociação e acompanhando os debates nos municípios. Esta aliança do campo e da cidade foi muito enriquecedora para ambos os lados.
Na pauta de reivindicações das mulheres rurais, com 158 itens, que foi entregue aos ministros em julho, há questões estruturais, como reforma agrária, e questões práticas para serem implantadas imediatamente. Uma das reivindicações, por exemplo, é o compromisso com a reforma política e paridade das mulheres na política. Outra pauta é o compromisso do governo com o investimento público para o desenvolvimento agroecológico no campo, já que o modelo empresarial ainda é tradicional no país. Outra reivindicação é o direito ao aborto seguro para todas as mulheres que precisem interromper a gravidez.
É extremamente importante quando o governo se compromete com 70 mil, 80 mil mulheres reunidas. A expectativa é que possamos sair da Marcha das Margaridas ainda mais fortalecidas e com maior capacidade de aliança e ação coletiva entre os diversos movimentos de mulheres.”