Nordestina, negra, médica e militante feminista, Fátima era referência na luta pelos direitos das mulheres.
(Católicas Online, 05/11/2017 – acesse aqui)
Nos deixou, este domingo (5/11), a feminista Fátima Oliveira. Nordestina, negra e militante pelos direitos das mulheres, Fátima atuou por décadas na luta contra o machismo e a misoginia, especialmente nos impactos que essas opressões causam na saúde das mulheres. Uma das mais influentes feministas negras brasileiras, atuou de forma incisiva nas políticas de atenção integral e do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além de fortalecer as frentes de luta pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, tendo o fim da criminalização do aborto como ponto central, Fátima fortaleceu também a luta pela redução da mortalidade materna no país e no restante da América Latina. Fátima era integrante da Rede Feminista de Saúde e da Rede de Saúde das Mulheres Latino Americanas e do Caribe – RSMLAC.
Atuou como médica do Hospital das Clínicas em Minas Gerais, mas nos últimos anos vivia em seu estado natal, Maranhão. Além da atuação nas redes e nas construções de lutas pelas mulheres, Fátima iniciou diversas reflexões no campo acadêmico, mesclando de forma inédita temas historicamente separados, especialmente na área de feminismo, bioética e combate ao racismo. Livros, artigos e colunas em jornais e blogs contaram com sua escrita afiada e eloquente.
Sua coluna no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, e seus artigos no Portal Geledés abrigavam suas reflexões mais recentes sobre temas caros à luta das mulheres. As palavras de Fátima dialogavam com a urgência de se posicionar frente aos retrocessos políticos, sem deixar de lado o acúmulo de debates herdados pelo movimento feminista por conta de sua incessante luta contra o racismo institucional e pela liberdade e autonomia da mulheres.
Aos seus familiares, amigas e amigos, o nosso pesar.
Católicas pelo Direito de Decidir.