Em encontro de ministras e autoridades do MERCOSUL em Brasília, a ONU Mulheres pediu ao bloco regional que apoie e defenda os direitos humanos das mulheres. Para a representante da agência das Nações Unidas no Brasil, Nadine Gasman, respostas dos governos são essenciais para conscientizar a população sobre a violência de gênero.
(ONU Brasil, 19/12/2017 – acesse no site de origem)
“Novos dados, releituras estatísticas, pesquisas refinadas e específicas têm produzido evidências acerca da dimensão dos desafios para os direitos humanos das mulheres na América Latina e Caribe. A região registra as mais altas taxas de violência contra as mulheres fora do casamento e a segunda mais alta dentro do casamento, segundo dados do Observatório sobre Igualdade de Gênero na América Latina e no Caribe”, disse Nadine, lembrando o relatório recém-lançado pela ONU Mulheres e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Em média, nos países latino-americanos e caribenhos, uma em cada três mulheres com mais de 15 anos já sofreu violência sexual — uma proporção que chega ao nível de uma epidemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com dados da Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em 2016, foram registrados 1.831 casos de feminicídio na Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Recordando a recente mobilização dos organismos internacionais para promover a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, a dirigente acrescentou que “as reações de governos, sociedade, cidadania, mídia e outros setores continuam a ser etapa crucial para a consciência pública e a responsabilização”.
Brasil: ONU espera ver mais mulheres eleitas em 2018
Para o próximo ano, Nadine chamou atenção para o aniversário de 30 anos da Constituição Federal brasileira. Segundo a especialista, a ocasião “propicia reflexões e mobilizações importantes para os direitos das mulheres, assim como as eleições estaduais e nacional para os Executivos e Legislativos, em que se espera que mais mulheres sejam eleitas”.
Outro marco importante, também em 2018, serão os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Na avaliação de Nadine, as celebrações podem criar oportunidades de debates positivos em meio à atual onda conservadora. “A paridade de gênero depara-se com obstáculos bastante objetivos, mas também com planos e metas bastante definidos e, muitos deles, consensuais”, defendeu a especialista.
Um destes instrumentos é a Estratégia de Montevidéu para a Implementação da Agenda Regional de Gênero no Âmbito do Desenvolvimento Sustentável até 2030. O documento considera a paridade de gênero como “pilar central para gerar as condições para o exercício pleno dos direitos humanos e a cidadania das mulheres”, tendo em vista o “aprofundamento e a qualificação das democracias e a democratização dos regimes políticos, socioeconômicos e culturais”.