Alternando entre o inglês e o francês, o premiê canadense, Justin Trudeau, falou nesta terça-feira (23) ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, e salientou a importância da igualdade de gênero em governos e empresas.
(Folha de S.Paulo, 23/01/2018 – acesse no site de origem)
“Contratar, promover e manter mulheres é algo que podemos fazer hoje e agora”, disse Trudeau, que lembrou os recentes movimentos #MeToo e Time’s Up, que revelaram denúncias de assédio sexual, e a Marcha das Mulheres. “São movimentos que nos dizem que precisamos ter uma discussão séria sobre políticas de igualdade de gênero.”
Ao citar a liderança canadense do G7 (grupo dos sete países mais ricos) neste ano, Trudeau afirmou que “o avanço dos direitos das mulheres será prioridade da nossa presidência”.
Trudeau lembrou que não só o gênero, mas raça, orientação sexual e origem são obstáculos adicionais às mulheres. “Em 2016, entre mulheres que haviam sido recém-apontadas para conselhos de administração de empresas no Canadá, 77% eram brancas.”
O premiê canadense também falou sobre o recente acordo em torno da Parceria Transpacífico (TPP) —da qual o presidente americano, Donald Trump, retirou os EUA no início do ano passado. Integram o acordo Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.
“Temos que colocar as preocupações e o bem estar de nossos cidadãos comuns no centro do que estamos negociando, e isso foi o que nós onze conseguimos fazer.”
Questionado pelo moderador sobre a ameaça de Trump renegociar o Nafta —acordo de livre comércio com Canadá e México—, Trudeau disse estar “trabalhando duro para mostrar a ele o quão bom o Nafta é”. “O Nafta beneficiou não só a minha economia, mas a economia dele e a de todo mundo.”
Trudeau abordou ainda, sem citar exemplos específicos, as preocupações de trabalhadores que, céticos com a globalização, apoiaram discursos populistas mundo afora. “Se vocês [plateia] estão ansiosos, imaginem como as pessoas que não estão nessa sala estão se sentindo.”
“Para muitas pessoas”, continuou Trudeau, “a tecnologia é um benefício na vida pessoal e uma ameaça aos seus empregos”.
“As pessoas nesta sala são muito privilegiadas. Usar esse privilégio para o bem é uma dívida para com a sociedade”, disse o canadense, ao encerrar seu discurso sob aplausos.