Segundo processo, cultura do banco prejudicava carreia de funcionárias
(O Globo, 31/03/2018 – acesse no site de origem)
Uma juíza federal americana decidiu que mulheres que acusam o banco Goldman Sachs de discriminação de salário, promoção e avaliação de desempenho podem prosseguir com uma ação coletiva iniciada contra a empresa. A sentença, proferida na tarde de sexta-feira, pela juíza Analisa Torres abrange associadas e vice-presidentes que trabalharam nas divisões de banco de investimento, de gestão de recursos e de ações do Goldman desde setembro de 2004 e funcionários baseados em Nova York desde 2002.
O Goldman foi acusado de, sistematicamente, pagar menos a mulheres e de conceder a elas avaliações de desempenho piores, impedindo a evolução de suas carreiras.
A certificação da classe aumenta o poder de barganha das vítimas, uma vez que processos desse tipo tendem a proporcionar indenizações e acordos maiores do que em ações individuais. Kelly Dermody, advogada das vítimas, estimou que mais de 2 mil pessoas podem ser cobertas pela classe.
O Goldman Sachs não comentou a notícia.
O processo é um dos maiores entre os que tem como foco o suposto tratamento desigual de profissionais do sexo feminino por empresas de Wall Street. Em sua decisão, que tem 49 páginas, a juíza Torres afirmou que as vítimas apresentaram “provas significativas de tratamento discriminatório” no Goldman. Ela citou como exemplo um levantamento segundo o qual vice-presidentes e sócias mulheres recebiam, respectivamente, 21% e 8% menos que seus pares masculinos no banco. A juíza acrescentou ainda que as vítimas apresentaram provas de que o Goldman “estava ciente das disparidades e do preconceito de gênero”.
O processo havia começado em setembro de 2010 e, segundo a magistrada, acabou sendo atrasado por uma disputa sobre qual compensação os ex-funcionários poderia obter.
– Estamos, obviamente, muito satisfeitos – afirmou Dermody em uma entrevista por telefone. – Esse tem oito anos, e, às vezes, vale a pena esperar.