Assassinatos com requintes de crueldade e motivo banal são os responsáveis pela redução da média de idade. Polícia considera que há “fortes indícios” de que o corpo da estudante tenha sido queimado após a execução por traficantes.
(BuzzFeed Brasil, 08/05/2018 – acesse no site de origem)
O desaparecimento de Matheusa Passarelli, 21 anos, moradora do Rio de Janeiro, gerou mobilizações nas redes sociais na semana passada, iniciadas pelos amigos que estavam à procura de informações sobre ela.
Segundo o G1, a última postagem de Matheus (como ele se identificava no Facebook) falava da busca por um novo local para morar.
Mas, segundo a polícia, a estudante (que se identificava como não-binária) foi executada e queimada por traficantes do Morro do 18, em Quintino, na Zona Norte do Rio.
O corpo de Matheusa ainda não foi encontrado, mas a delegada do caso deu declarações afirmando que bandidos teriam encontrado a estudante transtornada e nua na entrada da comunidade, onde foi capturada, ouvida e depois executada.
A pouca idade da vítima e a forma brutal com que Matheusa foi assassinada são um retrato fiel de um dado impactante: a expectativa de vida da população transgênera no Brasil é de 35 anos.
35 anos era a expectativa de vida aproximada durante a Idade Média no Reino Unido. Hoje, a expectativa de vida do brasileiro é de 74,9 anos.
De acordo com o Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil da ANTRA, a cada 48 horas, uma pessoa trans é assassinada no Brasil e a idade média das vítimas é de 27 anos.
Só em 2018, a ANTRA já contabilizou mais de 64 assassinatos de pessoas trans no país e disponibilizou os dados por região num mapa do Brasil.
O relatório evidencia que os assassinatos contra a população trans são geralmente de motivação banal e com requintes de crueldade, como no caso Matheusa e de Dandara, cujo assassinato foi filmado e divulgado pelo Whatsapp.
No domingo (06), Luisa Marilacc, uma mulher trans, postou um vídeo celebrando seu aniversário de 40 anos ressaltando exatamente o fato de ter vencido as estatísticas brasileiras.
“Agradecendo a Deus por ter chegado aos 40 anos. Porque vivemos num país em que infelizmente o índice (…) é que uma mulher trans como eu chegue até os 35 anos”, disse.
Segundo o Globo, nesta quarta (09), será realizado um evento em homenagem a Matheusa na capela da Uerj.
Organizado por alunos da universidade e pelo irmão da vítima, Gabriel Passarelli, o ato pretende lembrar a vida de Matheusa, que trabalhava no projeto pró-LGBTQ chamado “Corpo Estranho”.
Victor Nascimento