Analisando os dados do Datasus, pesquisadores apontam que os casos de morte de mulheres relacionadas com complicações por aborto inseguro podem ser maiores do que os registrados oficialmente pelo Ministério da Saúde.
(Radioagência Nacional, 01/08/2018 – acesse no site de origem)
A pesquisa inédita feita pela Fiocruz mostra que entre 2006 e 2015, o Ministério da Saúde contabilizou 770 óbitos de mulheres por complicações de aborto. A pesquisa revela que pelo menos outros 195, ou seja, 30% a mais, foram subnotificados. A análise ainda está em andamento e deve ser concluída no ano que vem.
Rodolfo Pacagnella, presidente da Comissão de Mortalidade Materna da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia, teve acesso aos dados e comenta como a subnotificação acontece. Ele menciona que, em países com leis mais liberais sobre a interrupção da gravidez, as mulheres têm acesso a medicamentos para reverter as complicações; enquanto, no Brasil, elas chegam ao sistema de saúde já em condição grave, por causa do risco de serem denunciadas à polícia.
Em nota, o Ministério da Saúde confirmou que o aborto é a 4ª causa de mortalidade materna no país. E esclarece que a mulher em condição de abortamento pode ser atendida de forma humanizada nos estabelecimentos públicos de saúde que possuam serviços de obstetrícia. A nota diz ainda que a redução das hospitalizações por aborto está restrita à legislação atual, que limita a assistência.
A redução da mortalidade materna foi uma das poucas metas do milênio estabelecidas pela ONU que o Brasil não conseguiu cumprir até o prazo, que terminou em 2015. Em 2016, foram registrados 1.463 casos, 203 em decorrência de aborto inseguro.
Samanta do Carmo