Todo tipo de mulher faz aborto: mães, solteiras, casadas, ricas, pobres, religiosas ou não. Em 2015, 1.300 mulheres por dia — quase uma por minuto — arriscaram a vida para interromper uma gestação ilegalmente no Brasil. Dessas, 56% eram católicas e 25% evangélicas ou protestantes. Os dados são da Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) da ONG Anis – Instituto de Bioética.
(Universa, 02/08/2018 – acesse no site de origem)
O fato é que nem a criminalização nem a culpa impedem a mulher que quer abortar. Dados do Ministério da Saúde, no entanto, mostram que, a cada dois dias, uma brasileira pobre morre vítima do aborto inseguro. É ele a quinta causa de morte materna no país.
Diante do debate sobre se a vida começa na concepção ou no nascimento, se abortar é pecado ou não e do número crescente de mortes, o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta sexta-feira (3), uma audiência pública em Brasília que se estenderá até 6 de agosto. A ideia é escutar entidades pró e contra a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
Universa ouviu alguns porta-vozes de diferentes religiões do Brasil que participarão do evento, além de especialistas das áreas penal, social, médica e teológica, que dizem que o debate vai além do campo espiritual – apesar de, muitas vezes, a religião ser usada para impedir que a mulher tenha o direito de interromper uma gestação de maneira segura.