No aniversário de 12 anos da Lei Maria da Penha, a Magazine Luiza entrou na luta para que as pessoas ‘metam sim a colher’. Sabe aquele discurso cansado de que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’? Que tal substituí-lo para ‘em briga de marido e mulher, ligue 180?’.
(Hypeness, 08/08/2018 – acesse no site de origem)
Diante do aumento de registros de casos de violência doméstica, a loja de departamentos resolveu se posicionar, chamando a atenção de toda a sociedade. A empresa trocou seu avatar e lançou a hashtag #EuMetoAColherSim. Em 2017, a Magalu fez uma promoção de colheres a R$1,80, em clara alusão ao número da denúncias deste tipo de crime.
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Além dos 12 anos da principal lei de defesa dos direitos mulheres, as últimas semanas foram marcadas por ao menos duas mortes causadas pelo feminicídio.
O primeiro envolve Tatiane Spintzer, achada morta depois de cair do 4º andar de seu apartamento na cidade de Guarapuava. A suspeita da polícia, baseada em imagens de agressões constantes, é de que o namorado da jovem de 29 anos, tenha sido o autor do crime.
Luís Felipe Manvailer, de 32 anos, foi encontrado pelos policiais enquanto tentava fugir para o Paraguai. Atualmente em prisão preventiva, o lutador de artes marciais pode ir a júri popular. Pelo menos é a posição adotada pelo Ministério Público do Paraná, que se baseia na crueldade provocada pela asfixia, a impossibilidade de defesa da vítima e o motivo torpe.
O feminicídio também esteve presente em Brasília. Na capital federal, um morador foi preso depois da morte da mulher em um edifício localizado na Asa Sul. A suspeita da Polícia Militar é de que ela tenha sido arremessada pelo marido depois de uma briga. Jonas Zandoná, de 44 anos, foi encontrado pela PM embriagado e empunhando uma faca. Ele nega a autoria.
Neste caso, a corporação atendeu chamado dos vizinhos. Carla Grazielle Rodrigues Zandoná, de 37 anos, foi socorrida por uma vizinha até a chegada do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos.
Ligue 180
Em longo texto publicado em sua página no Facebook, a autora, feminista negra e filósofa Djamila Ribeiro destacou os efeitos positivos da Lei Maria da Penha, mas chamou a atenção para a vulnerabilidade de mulheres negras.
“Quando esta lei completou 10 anos, verificou-se que diminuiu em 10% o assassinato de mulheres brancas, ao passo que aumentou em quase 55% o de mulheres negras, as maiores vítimas de violência doméstica e feminicídio no Brasil, embora essas violências atinjam a todas as mulheres independente de cor ou classe social”, pontuou.
A violência contra a mulher é assustadora no Brasil. Em média, doze mulheres são assassinadas diariamente no país. O aumento é de 6,5% em relação a 2016. Na maioria absoluta dos casos o motivo da morte é provocado pela questão de gênero. O Mato Grosso é o estado com a maior taxa de feminicídio, 4,6 a cada 100 mil.
Para reverter este cenário, o Congresso Nacional sancionou em 2015, a Lei do Feminicídio, que qualifica o assassinato quando a mulher é morta por questões de gênero.
Você também pode fazer sua parte denunciando. Para isso basta ligar 180. O sigilo é garantido. Não silencie.