O número de mulheres com aids caiu pela metade no Estado de São Paulo na última década, segundo balanço do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Esses dados revelam uma das facetas do comportamento feminino: o hábito de cuidar mais da saúde. Entretanto, entre mulheres idosas, os casos aumentaram.
(Agência Aids, 10/09/2018 – acesse no site de origem)
“Mulheres se protegem mais, são mais cuidadosas, vão mais ao médico do que os homens. Além disso, tem a questão da maternidade: nesse período de reprodução, ela começa a fazer exames de acompanhamento, tem mais acesso à informação e mais possibilidades de ser orientada”, explicou a médica infectologista e coordenadora-adjunta do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo, Rosa Alencar. E, ao engravidar, a mulher fica sabendo se tem ou não a doença: desde 1994, o teste de HIV é mandatório para todas que fazem pré-natal.
Menos drogas, menos casos
Para a especialista, outro motivo que impacta na queda dos casos entre as mulheres é o desuso das drogas injetáveis, que eram muito populares nas décadas de 80 e 90.
A queda de aproximadamente 50% é similar entre mulheres de 30 a 39 anos, que representam cerca de 1/3 dos casos notificados entre o público feminino. Em 2016, foram diagnosticadas 504 pacientes nessa faixa de idade; dez anos antes foram 1.053, uma queda de 52,1%.
Com idosas é diferente
Na contramão dos dados de queda que o Boletim Epidemiológico do CRT DST/Aids da SES revela, saltam aos olhos os dados relacionados a mulheres idosas. O número de diagnósticos de aids entre as idosas de 60 a 69 anos aumentou de 103 para 136 casos positivos (32%), no período. “Uma mulher de 60 anos de hoje não é igual a uma mulher dessa idade de anos atrás. Além da longevidade – que aumentou muito nos últimos anos – as pessoas ainda são ativas sexualmente com essa idade. Quando elas iniciaram suas vidas sexuais, a existência da aids não era difundida como hoje, nem os mecanismos de prevenção”, lembrou. “Eles têm menos preocupação com a infecção, e mais dificuldade de pensar em usar preservativo – masculino ou feminino”, identifica a infectologista.
Aids em homens
O total de casos de aids em homens também apresenta queda – de 7%, com uma redução de 5.465 casos para 5.087, na década. Os casos, com maior concentração na faixa-etária de 30 a 39 anos, tiveram queda de 1.995 para 1.619, comparando-se 2007 e 2016.
Em contrapartida, outras faixas-etárias indicam aumento no número de diagnósticos de casos de Aids. Houve um crescimento de 167% entre adolescentes de 15 a 19 anos do sexo masculino, com um salto de 43 para 115 casos nesse intervalo. Entre jovens de 20 a 24 anos, de 303 para 584 casos (93%). Assim como no público feminino, houve alta entre homens idosos (de 60 a 69 anos), passando de 147 para 193, um aumento de 31%.
A coordenadora-adjunta lembrou também que poucos dos jovens de hoje tiveram contato com o quadro da epidemia nos anos 80 e 90, quando muito mais gente morria de aids. “Hoje em dia, a aids é uma doença que tem controle. Se tomados corretamente, os antirretrovirais atuais podem conferir a uma pessoa que vive com HIV longevidade comparada a de uma pessoa saudável. Claro que é uma doença que não pode ser banalizada, mas hoje ela pode ser mantida sob controle.” Considerando ambos os sexos, em todo o ano de 2016 foram registrados mais de 6.794 diagnósticos de aids no Estado, 20% menos que dez anos atrás, quando ocorreram 8.495 casos. De janeiro a junho de 2017, foram 3.186 casos.
O número total de óbitos também caiu 23%, no período. Em 2007, foram 3.264 mortes, contra 2.508 em 2016. Aproximadamente metade dos óbitos por aids no Estado estão relacionados ao diagnóstico tardio da infecção, que pode ser evitado com a realização do teste, que é gratuita e disponível em toda a rede pública de saúde.
E, nunca é demais lembrar: o uso de preservativo é a única proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.