(O Globo) Aloísio Araújo, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), defende que aprendizagem infantil eficiente é determinante para reduzir desequilíbrios educacionais. A conclusão do livro “Aprendizagem infantil – Uma abordagem da neurociência, da economia e psicologia cognitiva”, lançado pelo professor, é que quanto mais cedo a criança for estimulada intelectualmente maiores são as chances de se transformar em um adulto bem-sucedido no mundo do trabalho.
Veja parte entrevista concedida ao jornal O Globo:
Além de identificar os problemas, o livro também apresenta soluções?
ARAÚJO: Deveríamos copiar o modelo adotado em Cuba, que incorporou as dimensões de desenvolvimento cognitivo e linguístico das crianças no atendimento pré e pós-natal dos serviços de saúde pública. O Brasil até já tem experiências como essa, mas são esparsas, especialmente em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Só que precisamos implantar um programa em larga escala. Já está comprovado que o número de palavras que a mãe fala é determinante no desenvolvimento fonético de uma criança. Aproveitamos para fazer recomendações de políticas públicas, como a construção de creches de alta qualidade nas regiões de baixo desempenho escolar.
Então não basta investir na aprendizagem infantil, é preciso incorporar o núcleo familiar e, especialmente, a mãe nesse processo.
ARAÚJO: Exatamente. Até porque, como comprovam as pesquisas, desigualdades de rendimento escolar em função de diferenças educacionais da mãe, persistem, na média, ao longo de praticamente toda trajetória educacional da criança. Logo, para corrigir estas desigualdades educacionais e permitir um maior desenvolvimento econômico para a população via incorporação de um número maior de adolescentes em faixas mais elevadas de educação, é preciso fazer intervenções na fase mais precoce da criança.