Eles participam de um congresso internacional que reúne ginecologistas e obstetras de países como Índia, Líbano, Argentina e Itália
(O Globo, 16/10/2018 – acesse no site de origem)
RIO – Médicos de diversas partes do mundo se reuniram, nesta terça-feira, para pedir o fim da violência contra a mulher. Eles estão entre os cerca de 11 mil participantes do Congresso Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) 2018, que é realizado no Riocentro, na Barra da tijuca, até o dia 19. A marcha começou às 17h30 no Pavilhão 5 e reuniu cerca de 500 pessoas, todas da área médica e oriundas de países como Bolívia, Líbano, Argentina, Índia e, é claro, Brasil.
A manifestação foi organizada pela obstetra indiana Shantha Kumari. Ela destacou o fato de este ser um problema que vários países têm em comum.
— A principal motivação para essa marcha é chamar atenção para todos os tipos de violência contra a mulher, como a doméstica e a obstétrica, que é aquela violência que ocorre no momento do parto. A desigualdade de gênero ainda é marcante em muitos países e precisamos jogar luz sobre esse assunto — disse Shantha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, no geral, 35% das mulheres ao redor do mundo sofreram casos de violência física e/ou sexual ao longo de suas vidas.
A médica indiana salienta que muitos ginecologistas e obstetras são extremamente sensíveis ao tema porque, segundo dados da OMS, mulheres que foram fisicamente ou sexualmente abusadas por um parceiro possuem 16% mais probabilidade de dar à luz um bebê com baixo peso ao nascer. Elas também têm o dobro de risco de sofrer um aborto, quase duas vezes mais probabilidade de apresentar depressão e 1,5 vez mais probabilidade de adquirir uma DST, em comparação com mulheres que não sofreram violência praticada pelo parceiro.
Durante o protesto, os médicos apresentaram uma declaração oficial do congresso sobre o tema. No texto, eles pedem aos governos que adotem “medidas de defesa, legais e educacionais e outras medidas necessárias para tornar a violência contra mulher inaceitável a todos indivíduos e grupos na sociedade”.
Também pedem que, em todos os países, sejam desenvolvidas “desenvolver e implementar diretrizes ou protocolos nacionais para fornecer cuidados de saúde de qualidade para mulheres que sofreram violência, de acordo com as diretrizes da OMS”.
Os médicos pedem, ainda, que as pessoas garantam que “seu próprio ambiente de trabalho permaneça livre de assédio e abuso”.
Entre os participantes da marcha, estavam Claudia García Moreno, que é representante da OMS; a italiana Chiara Benedetto, que é presidente do Comitê para a Saúde e os Direitos Humanos da FIGO; a argentina Diana Galimberti, presidente do Grupo de Trabalho sobre Violência contra as Mulheres da FIGO; o boliviano Carlos Futchner, que é o presidente eleito do congresso; e Faysal El Kak, que é do líbano e faz parte do Conselho Executivo do evento.
Por Clarissa Pains