Ideia do Financial Times é encorajar os jornalistas a equilibrarem os entrevistados
(Folha de S.Paulo, 20/11/2018 – acesse no site de origem)
Após perceber que apenas 21% das fontes ouvidas para as suas reportagens são mulheres, o jornal britânico Financial Times decidiu criar uma ferramenta digital para encorajar os jornalistas a equilibrar melhor os textos.
Anunciada no último dia 15, a “She Said He Said” (ela disse ele disse) determina o gênero do especialista consultado com base em nomes e pronomes usados nas reportagens . Quando há poucas mulheres, os editores de cada seção do jornal são alertados sobre a discrepância.
O jornal inglês, que cobre muitas áreas e indústrias ainda dominadas por homens, afirmou em comunicado que o objetivo é atrair mais leitoras do sexo feminino, que se identificam mais com textos que incluem citações de mulheres.
Antes desse recurso, o Financial Times havia lançado o Projeto JanetBot, para identificar a quantidade de mulheres em imagens na página inicial do jornal, e o Projeto XX, com o objetivo de produzir conteúdos específicos para o público feminino.
O próximo passo é lançar um recurso para detectar o desequilíbrio de fontes antes da publicação dos textos.
Os esforços para atrair o público feminino levaram o jornal a aumentar a proporção de colunistas de opinião mulheres entre março e agosto: foi de 20% para 30%.
A nova ferramenta repercutiu de forma positiva entre mulheres. Kristalina Georgieva, diretora executiva do Banco Mundial, compartilhou a notícia em uma rede social e escreveu que se você consegue medir o desequilíbrio, “você consegue mudá-lo”.
A repórter do The Guardian Kathleen McLaughlin escreveu que “adora ver o Financial Times dando passos tangíveis para aumentar a representação em suas páginas”. Já Claire Phipps, também do Guardian, disse que a ideia é “excelente” e “algo que todos nós na mídia devemos ter sempre em mente”.
Por Júlia Zaremba, de Washington