Autoavaliação é voluntária, simples de ser feita e garante a confidencialidade das informações das empresas. Após ser preenchido, questionário gratuito e confidencial de 18 perguntas emite análise que permite que companhias diagnostiquem onde podem melhorar
(Nexo, 21/11/2018 – acesse no site de origem)
Uma plataforma gratuita criada para que empresas possam avaliar suas políticas internas e seus programas sobre igualdade de gênero foi lançada no Brasil em 12 de novembro de 2018.
Chama-se “WEP Gender Gap Analysis Tool” – em português, “Ferramenta de Análise de Diferenças de Gênero e Princípios de Empoderamento das Mulheres”.
A metodologia foi desenvolvida pelo Pacto Global das Nações Unidas, em colaboração com a ONU Mulheres e com o BID Invest, braço de investimentos privados do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Segundo a Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas, mais de 900 empresas já utilizam a ferramenta em 92 países.
Como funciona
A autoavaliação é voluntária, simples de ser feita e garante a confidencialidade das informações das empresas. Tem duração de duas a três horas e atende empresas de todos os tamanhos.
Consiste em um questionário com 18 perguntas de múltipla escolha, elaboradas a partir de boas práticas de empresas de todo o mundo na promoção de igualdade de gênero. As questões estão agrupadas em quatro áreas: liderança, ambiente de trabalho, mercado e comunidade.
Os tópicos incluem pagamento igualitário, recrutamento, apoio aos pais e cuidadores, saúde da mulher, entre outros.
Após o preenchimento do questionário, a plataforma emite uma análise que identifica as áreas que precisam ser melhoradas e as oportunidades para ações e objetivos futuros. O resultado serve para nortear o planejamento de ações voltadas para a igualdade de gênero.
“As empresas fazem seu próprio diagnóstico e podem se comparar [através da plataforma] com as médias. A plataforma nunca vai dar informações que permitam deduzir o nome da empresa, mas há relatórios [feitos por ela] que comparam [as políticas de igualdade de gênero] por país, por setor, etc”, disse ao Nexo Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.
“Além disso, estamos recomendando refazer esse diagnóstico anualmente, para que as empresas vejam se estão avançando ou não e o que mais precisa ser feito para obter resultados.”
Preocupação crescente
Gasman afirmou que, embora nem todas as empresas brasileiras estejam interessadas em auto-avaliar seu desempenho nas políticas de redução de desigualdade de gênero, a organização constatou um aumento da abertura e preocupação de muitas empresas com o tema no país.
Segundo ela, nos últimos três anos, o número de empresas brasileiras signatárias dos Princípios de Empoderamento das Mulheres cresceu de cerca de 50 para 200.
Ainda de acordo com Gasman, nos últimos anos, o argumento de que ter mais mulheres tanto na liderança como nos conselhos de direção é, além da coisa certa a ser feita do ponto de vista dos direitos humanos, também um bom negócio, ganhou força por ser ancorado por diversos estudos.
“Estamos em um momento interessante para atrair um número maior de empresas [para a causa da redução da desigualdade de gênero], com muito mais abertura do que a gente tinha há alguns anos”, disse.
Efeito da igualdade na economia
Além de ser uma questão de direitos humanos, a promoção da igualdade de gênero também beneficia o crescimento econômico.
O estudo “Mulheres, Empresas e o Direito 2018”, feito pelo Banco Mundial, afirma, que se houvesse igualdade salarial entre homens e mulheres, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial seria 26% maior. No caso do Brasil, a equidade salarial resultaria em aumento de 3,3% no PIB, o equivalente a R$ 382 bilhões.
Segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres correspondem a 51% da população e respondem por 43% da força de trabalho brasileira.
A igualdade de gênero é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, adotados em 2015 pela Assembleia Geral da ONU.
A Rede Brasil do Pacto Global é quem procura engajar o setor privado nesses objetivos no país. Ao se tornar signatária do Pacto Global, as organizações se comprometem em reportar anualmente seus avanços na implementação de Dez Princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
Por Juliana Domingos de Lima