(Correio Braziliense/Folha de S.Paulo/O Globo) O Brasil tem hoje uma presidente mulher e o rendimento do trabalho feminino vem aos poucos aumentando, mas o país continua mal posicionado no ranking mundial da igualdade entre homens e mulheres. Segundo a lista divulgada pelo Fórum Econômico Mundial, na América Latina só o Suriname está pior que o Brasil.
O Brasil subiu três posições no ranking de igualdade entre os sexos, mas continua na parte de baixo da tabela composta por 135 países, ocupando a 82ª posição. Entre os chamados “Brics” (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), a Índia é o país com o pior desempenho. O relatório “Gender Gap 2011” – que mede as disparidades na remuneração de trabalhadores dos sexos masculino e feminino, além de uma série de outros indicadores sociais, como acesso à educação e à saúde – mostra que 85% dos países avançaram em termos de igualdade nos últimos seis anos.
The Global Gender Gap Report 2011: Rankings and Scores
Em parte a melhora da posição brasileira deve-se à eleição da presidenta Dilma Rousseff e à oscilação positiva na renda das mulheres em comparação com a dos homens que exercem a mesma função.
Paradoxalmente, é na atuação política que o Brasil apresenta seu pior desempenho: fica em 114º – apenas 21 países são piores; a maioria deles, islâmicos.
“A participação das mulheres na força de trabalho [no Brasil] ainda é de 64%, abaixo da dos homens (85%). E elas são só 36% dos legisladores, autoridades públicas de primeiro escalão e gerentes”, afirma o documento. “O que elas ganham ainda está abaixo de dois terços da renda dos homens; e no Congresso, são apenas 9%.”
O Brasil vai bem nos quesitos acesso à saúde e expectativa de vida e fica no meio da lista em educação (66º) e em oportunidade econômica (68º). Segundo pesquisa, a desigualdade de gênero cresce na América do Sul e na África.
Impacto dos programas sociais
“Os programas de transferência de renda têm trazido para a classe média uma faixa grande de pessoas e de mulheres. Temos quase 30% dos domicílios chefiados por mulheres, que são na maioria pobres ou muito pobres. E elas estão sendo priorizadas na logística dos programas sociais”, defende a cientista política e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais, Marlise Matos, para quem, no entanto, a inclusão de mulheres no mercado de trabalho não significa maior participação política. “A inserção no mercado da mulher brasileira ainda é feita de forma muito segmentada, ocupando nichos menos valorizados”, explica.
Leia na íntegra:
Posição do Brasil melhora em ranking de igualdade de gêneros, diz estudo do Fórum Econômico Mundial (O Globo – 02/11/2011)
Brasil é o 82º na igualdade entre os gêneros (Folha de S.Paulo – 02/11/2011)
Espaços para mulheres ainda muito limitados (Correio Braziliense – 02/11/2011)