Vinte grupos de comunicação franceses assinaram nesta quarta-feira (13) uma carta de boa conduta contra o assédio sexual e o comportamento sexista nas redações. O documento surge semanas depois da revelação de um escândalo envolvendo vários jornalistas e comunicadores. Um grupo de profissionais da área conhecido como “Liga do LOL” assediava diversas minorias e principalmente mulheres jovens na internet.
(RFI, 13/03/2019 – acesse no site de origem)
France Televisions, Disney, TF1, Canal +, M6, Lagardere, Mediawan, Radio France, Havas e SFR, entre outros, assinaram, no Ministério da Cultura, esta carta elaborada pela associação “Pelas mulheres nos meios de comunicação”. A fundadora da associação, Françoise Laborde, se disse contente que essas mídias “assinem um compromisso feminista” já que “durante anos o sexismo recorrente nas redações não chocou ninguém”.
Os meios de comunicação que assinam o documento se comprometem a informar seus funcionários, criar um sistema de escuta e apoio às vítimas e a compartilhar suas melhores práticas. “Coletivamente, nós temos o dever de estar mais atentos, mais vigilantes em todas as empresas, especialmente nos meios de comunicação, porque isso está acontecendo diante de nossos olhos”, disse o ministro francês da Cultura Franck Riester.
“As vítimas não estão mais sozinhas”, prega o documento, que estabelece ainda que “elas não são julgadas, são ouvidas, os fatos não são minimizados, a confidencialidade é preservada e elas podem ser ajudadas sem serem ameaçadas profissionalmente.”
Diversos relatos de assédio em redações
Uma pesquisa on-line realizada no início de março por grupos feministas revelou a existência de muitas violências sexistas e sexuais na mídia. A ação também coletou depoimentos anônimos. Casos na Europe 1, RMC e no Le Monde foram divulgados nos últimos dias.
Nesta quarta-feira, uma pesquisa realizada pelo jornal Libération mostra ainda a atmosfera sexista e misógina que prevaleceu durante anos na filial francesa do veículo norte-americano Vice.
Essas revelações acontecem pouco mais de um mês depois da divulgação da existência da auto-intitulada “Liga do LOL”, um grupo online de profissionais de comunicação dedicado ao assédio de mulheres e minorias nas redes sociais. LOL, em inglês, quer dizer “Laughing Out Loud”, algo como “Rindo alto”, em português.