(Folha de S.Paulo) Os níveis de desigualdade entre brancos e não-brancos e entre homens e mulheres caíram no Brasil na década passada. Comparando-se os dados dos Censos de 2000 e 2010, observa-se que as mulheres obtiveram aumento de renda maior do que os homens e os negros aproximaram seus ganhos daqueles dos brancos. Contudo, apesar dos avanços registrados, a diferença ainda é significativa, especialmente a racial.
Em 2000, a renda de um brasileiro que se autodeclarava pardo representava 42% da média de um branco. Em 2010, esta proporção aumentou para 49%, ou seja, os grupos se aproximaram, mas a renda de um branco ainda equivale ao dobro da recebida por um pardo. Já a renda dos pretos representava 45% da dos brancos; em 2010, passou para 53%.
Na comparação entre os sexos, a distância é menor e reduziu em ritmo mais acelerado. Em 2000, uma mulher recebia, em média, 46% da renda de um homem. Em 2010, o rendimento dela representava 58% da renda masculina.
Como foi feito o cálculo
Para o professor Naercio Menezes, do Instituto de Ensino e Pesquisa, o fenômeno está ligado ao maior acesso à educação, proporcionado por uma série de políticas criadas desde a década de 1990. Como exemplo, ele cita a descentralização dos recursos do setor, a vinculação dos repasses aos municípios, ao número de alunos matriculados, os programas de transferência de renda (Bolsa Escola e Bolsa Família), e o ProUni, que financia curso superior aos jovens carentes.
O professor de economia Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cita outro motivo para a redução das desigualdades: a valorização do salário mínimo. Ele vê também a possibilidade de mudanças na classificação de cor terem contribuído para o resultado, com mais pessoas de melhor poder aquisitivo se declarando pretas e pardas.
Leia a reportagem completa: Desigualdade racial e entre sexos cai em uma década (Folha de S.Paulo – 26/11/2011)
Veja também: “Durante anos, o movimento das mulheres acreditou, e eu também, que o caminho fundamental para a emancipação da mulher era o da educação. Este seria o passaporte para a igualdade de gênero. Certamente é um instrumento essencial para a aquisição de autonomia financeira, autoestima e inserção no mundo. Mas o último Censo do IBGE mostrou o quanto, mais do que educação, é necessário para a desejada igualdade de gênero acontecer. Embora hoje a mulher tenha dois anos de escolaridade a mais que o homem, ela ganha em média 30% menos do que ele. Agora, o que é chocante: quanto mais “estudada” essa mulher, maior a diferença entre o seu salário e o do homem com a mesma escolaridade.” – Desaponto e futuro, por Marta Suplicy (Folha de S.Paulo – 26/11/2011)