Na região Norte, só 12,7% das mulheres têm diagnóstico precoce, contra 30,8% no Sudeste; escolaridade também pesa na prevenção
(O Globo, 07/10/2019 – acesse no site de origem)
O Brasil está na segunda faixa mais baixa de mortalidade por câncer de mama, com uma taxa de 13 por 100 mil, ao lado de países desenvolvidos como EUA, Canadá e Austrália. Por outro lado, o diagnóstico precoce, essencial para o sucesso do tratamento, ainda está restrito às regiões Sudeste e Sul e a mulheres com maior escolaridade. As informações estão na compilação de dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Segundo o Inca, o maior desafio é “a redução das desigualdades entre as regiões e classes sociais” uma vez que “diagnóstico e tratamento adequado no tempo oportuno” estão diretamente ligados à mortalidade da doença. São estimados 59.700 casos novos de câncer de mama no Brasil em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é segundo tipo que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino.
O país aumentou o percentual de casos diagnosticados nos estágios “in situ” e “I”, os mais iniciais, de 17,3% em 2000 para 27,6% em 2015. Mas essa proporção continua muita baixa na região Norte (12,7%), em contraste com as regiões Sul (29,2%) e Sudeste (30,8%).
A desigualdade regional e social também se revela no acesso ao exame de mamografia de rastreamento, que deve ser realizado a cada dois anos por todas as mulheres com idades entre 50 e 69 anos. O percentual médio de mulheres brasileiras nessa faixa que fizeram o exame em 2013, de acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde, foi de 60%, mas de apenas 38,7% na região Norte e 47,9% no Nordeste, bem abaixo das regiões Sul (64,5%) e Sudeste (67,9%).
Causas
No evento de lançamento da campanha Outubro Rosa, realizado nesta segunda-feira, foram apresentadas as principais causas da doença. Os especialistas do INCA se disseram “particularmente preocupados com o excesso de peso corporal e o sedentarismo”. Segundo a pesquisa Vigitel 2018, realizada nas capitais brasileiras e DF, 53,9% das mulheres estão com excesso de peso e 20,7% estão obesas, proporções que cresceram muito neste século.
Os principais fatores de risco evitáveis estão ligados a estilo de vida: estar acima do peso, levar uma vida sedentária e tomar mais do que uma dose de bebida alcoólica por dia.
Entre os fatores inevitáveis que costumam levar ao câncer de mama estão: envelhecimento, histórico familiar da doença e mutações genéticas herdadas.