Pesquisa realizada pelo Insper com a Talenses mostra que mulheres somam 26% das posições de diretoria, 23% de vice-presidentes e 16% dos cargos de conselhos
(Valor Econômico, 15/10/2019 – acesse no site de origem)
A probabilidade de uma mulher ser presidente de uma empresa brasileira atualmente é 50% menor do que ser diretora ou 60% menor do que ocupar um cargo na vice-presidência. A terceira edição da pesquisa Panorama Mulher, realizado pelo Insper em parceria com a Talenses e divulgada nesta terça-feira, mostra que as mulheres ocupam, em média, 19% dos cargos de liderança nas empresas brasileiras.
Elas somam 26% das posições de diretoria, 23% de vice-presidência e 16% nos conselhos. O número, porém, atinge seu patamar mais baixo quando a análise alcança a presidência: apenas 13% das empresas brasileiras possuem CEOs mulheres. “A pesquisa mostra de maneira bastante clara que a barreira para ascensão das mulheres está no cargo da presidência”, diz Fernando Ribeiro Leite Neto, coordenador técnico da pesquisa e docente-pesquisador do Insper.
A amostra deste ano abrangeu 532 empresas com sede no Brasil, América do Norte e na Europa, sendo mais da metade do setor de serviços. Setenta e um por cento delas têm capital fechado, mais da metade delas (51%) possui gestão familiar e 84% possuem mais de 50 funcionários. De forma geral, a pesquisa indica a maior propensão para empresas de capital fechado, com administração familiar e menor número de funcionários apresentarem políticas mais equitativas de gênero e, assim, maior proporção de mulheres CEOs.
Quando elas chegam lá, independentemente do setor, tamanho ou forma de gestão, a chance de promoverem maior equidade de gênero na liderança é maior. No momento em que o comando é feminino, segundo a pesquisa, aumenta-se em quatro vezes a possibilidade de ter mulheres no conselho e em 2,5 vezes de tê-las como VPs ou diretoras.
Um novo recorte da pesquisa indica porém que apenas 4% das vice-presidentes estão nas áreas de tecnologia. “VPs mulheres ainda estão tradicionalmente concentradas nas áreas de vendas, recursos humanas e marketing. Mesmo sabendo que existem mulheres líderes na engenharia, por exemplo, não vemos ainda esse número refletido na pesquisa”, diz Rodrigo Vianna, managing partner da Talenses.
Na comparação com a segunda edição da pesquisa, realizada em 2018, o número de mulheres na presidência caiu de 15% para 13%. “Estamos em um momento de transição dessa liderança. Parece que houve uma desacelerada, mas os dados do estudo em vários aspectos, mostram que estamos no caminho para alcançar os 30% “, diz Neto, do Insper. Esse é o número considerado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) para que os benefícios da diversidade de gênero comecem a ficar visíveis na organização.
O desafio que permanece em relação aos anos anteriores é o da diversidade racial. Dentre as 415 empresas que afirmaram possuir uma cadeira de presidente, 95% delas têm presidentes homens ou mulheres brancas. “Infelizmente, não vimos avanço na questão de mulheres negras em cargos de presidente em comparação aos anos anteriores”, diz Vianna. Nas empresas com mulheres presidentes, não há nenhuma mulher negra VP ou no conselho e apenas 1% delas ocupam o nível de diretoria.
Por Barbara Bigarelli