Perpetradores de violência sexual contra crianças são majoritariamente homens e, em geral, não levantam suspeitas
(Folha de S.Paulo, 18/02/2020 – acesse no site de origem)
A prisão de um professor de história de uma escola de elite de São Paulo acusado de produzir imagens das partes íntimas de suas alunas reforça aquilo que especialistas em abuso e exploração sexual infantil sempre dizem: pedófilos não têm perfil definido.
Ainda que abusadores de crianças e adolescentes tendam a buscar atividades e circunstâncias que facilitem seu acesso a vítimas, as diversas fases da operação “Luz da Infância” já prenderam médicos e engenheiros, economistas e frentistas, empresários e policiais.
Jovens ou idosos, pobres ou ricos, analfabetos ou pós-graduados —só se sabe que os perpetradores de violência sexual contra crianças são majoritariamente homens e, em geral, não levantam suspeitas.
Sabe-se também que na maioria dos casos, os abusadores são pessoas próximas do círculo íntimo de suas vítimas.
Ainda não foi esclarecido se as meninas filmadas pelo professor sabiam que suas genitálias estavam sendo registradas em imagens.
Crianças e adolescentes que sofrem abuso e exploração sexual, no entanto, costumam dar sinais de que algo não vai bem.
Especialistas alertam que mudanças bruscas de comportamento são o principal indício a ser investigado. Irritabilidade, agressividade, autoflagelação e urinar na cama ou nas roupas também são sinais de alerta.
Estudos apontam que a educação sexual é protetiva para crianças. Segundo o relatório “Out of the Shadows”, elaborado pela revista britânica The Economist com apoio da World Childhood Foundation e da Oak Foundation e divulgado no ano passado, a discussão sobre sexualidade e gênero aumenta a capacidade de um país de proteger suas crianças.
Por Fernanda Mena