(O Estado de S. Paulo) Depois de o governo francês sugerir a remoção preventiva da prótese mamária de silicone da marca PIP, suspeita de causar vazamento e até câncer, agência brasileira recomenda às usuárias do produto, banido no País em 2010, que procurem um médico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou, por meio do alerta n.º 1107, emitido ontem, uma espécie de recall nas próteses de silicone vendidas pela empresa francesa Poly Implants Prothèses (PIP) no Brasil até 2010, quando o Ministério da Saúde proibiu seu uso. Cerca de 25 mil brasileiras implantaram essas próteses mamárias.
Anteontem, o governo da França sugeriu a remoção dessa prótese da PIP, após a descoberta de que ela apresenta um alto risco de rompimento no interior do organismo, acidente seguido de suspeitas – não confirmadas – de câncer associado ao vazamento.
Por meio de nota, a Anvisa orientou essas pacientes que procurem seus médicos para uma avaliação clínica. Os serviços médicos e os profissionais de saúde, segundo a Anvisa, devem notificar todos os casos envolvendo eventos adversos, entre os quais câncer, e comunicar à agência as operações de retirada do implante mamário preenchido com gel de alta coesividade – nome comercial do produto da PIP, registrado no Brasil com o número 80152300001.
A Anvisa informa, na nota, que as autoridades brasileiras ainda não definiram se vão recomendar a imediata retirada das próteses, como ocorreu na França. Procurados pelo Estado, os antigos diretores da empresa não se manifestaram.
Em todo o Brasil, são realizadas a cada ano mais de 100 mil implantes mamários de silicone, segundo dados da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). No País, o produto da empresa francesa, importado pela empresa EMI Importação e Distribuição Ltda., teve sua venda suspensa em 1.º de abril de 2010, por meio da Resolução 1558/2010.
O governo francês anunciou, em Paris, que o sistema público de saúde custeará as cirurgias de remoção do silicone da PIP, que faliu em 2010 – ao todo, mulheres de 68 países portam as próteses da marca. A intervenção cirúrgica é preventiva, facultativa e não urgente. Além dos custos de hospitalização, o governo pagará a cirurgia de remoção e a introdução de novas próteses caso a cirurgia original tenha tido caráter reparador. Em caso de intervenções estéticas, o preço das próteses – que na França gira em torno de € 600 – não será coberto.
As intervenções foram consideradas necessárias depois que estudos revelaram que as próteses da PIP não apenas apresentavam maior incidência de rompimentos, como também eram fabricadas por silicone de uso industrial, e não médico.
Alertas. Segundo pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o vazamento das próteses PIP não representa risco cancerígeno superior ao de materiais fabricados por outras marcas. Nos Estados Unidos, o FDA (agência de vigilância sanitária) divulgou nesta semana uma nota afirmando que não vê riscos sanitários no produto, mas uma associação de mulheres britânicas deve entrar com processo contra a empresa na Grã-Bretanha. “Mais da metade de nós teve ruptura das próteses e esperamos que outras mulheres inquietas busquem informações sobre o tema”, afirmou à agência AFP a britânica Esyllt Hughes.
Acesse em pdf: Anvisa faz alerta a 25 mil mulheres que implantaram prótese de mama suspeita (O Estado de S. Paulo – 24/12/2011)
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