Apesar de a COVID-19 afetar diretamente mais os homens, há muitos motivos para nos preocuparmos com mulheres e meninas. Pandemias aprofundam desigualdades sociais e de gênero e é importante que governantes, gestores e sociedade civil estejam atentos tanto
para minimizar os impactos do surto quanto para entender o impacto das próprias medidas de sua contenção sobre a saúde das pessoas¹.
As mulheres serão mais atingidas pelo impacto direto no trabalho informal, além dos impactos econômicos indiretos causados pelos cuidados com crianças e doentes. Elas serão também afetadas em longo prazo, pelo possível aumento no desemprego e na inflação².
O alerta sobre o aumento de casos de violência doméstica veio da China, onde as denúncias triplicaram durante o confinamento. As mulheres estão se vendo trancadas com seus agressores e a situação de insegurança econômica, alcoolismo e ansiedade só piora situações já precárias decorrentes do machismo. As redes de apoio – CRAS, casas abrigo e centros de saúde fecharam suas portas, restando-lhes poucas opções. Na Argentina, seis mulheres e meninas foram mortas nos nove primeiros dias de pandemia e o movimento feminista tem convocado um “barulhaço” contra o feminicídio. Vários países têm dado a devida visibilidade a esse problema. Enquanto o Estado falha, precisamos pensar maneiras de reforçar redes de apoio local, inclusive com oferta de abrigo para essas mulheres e seus filhos3,4.