(iG) A vacina contra o HPV, um dos vírus líderes em infecção por sexo sem proteção e que pode evoluir para o câncer de colo de útero, já existe mas ainda não atende às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
A avaliação é do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo ele, para ser oferecida de graça, a imunização precisa melhorar.
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A primeira mudança, aponta Padilha, deve ser na cobertura: a vacina precisa proteger contra mais tipos de vírus causadores do HPV.
As vacinas existentes hoje na rede particular (disponíveis por cerca de R$ 600) protegem contra 4 subtipos do vírus, os mais incidentes na população feminina. A literatura médica, no entanto, aponta uma média de 100 tipos diferentes de HPV circulando no mundo.
“Só ampliando a proteção você evita que os sorotipos hoje não muito recorrentes aumentem a participação na contaminação”, declarou o ministro durante o anúncio da inclusão da vacina pentavalente no calendário vacinal da rede pública.
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Além da cobertura mais ampla, Padilha quer que a vacina gratuita seja mais versátil.
“Precisa melhorar. Hoje são necessárias três doses para a proteção integral contra o vírus e o público vacinado é adolescente (13 a 19 anos). É muito difícil você conseguir aderência na população jovem, quando é preciso comparecer três vezes (com intervalo de tempo entre as aplicações) para ficar protegido. Enfrentamos este problema com a vacina contra a hepatite B”, disse. Os índices de cobertura vacinal contra a hepatite B, segundo o divulgado, nunca superaram a marca dos 60%.
No final do ano passado, uma pesquisa norte-americana trouxe uma boa notícia. Segundo dados preliminares, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos EUA constataram que duas doses da vacina anti-HPV já existente são tão eficazes como três doses. Ainda são necessários mais estudos, mas a redução foi comemorada pelos especialistas.
Produção nacional
O HPV, de acordo com estudo feito por técnicos do Estado de São Paulo, é hoje a doença sexualmente transmissível mais incidente. A estimativa é que de cada três DSTs diagnosticadas, uma seja causada pelo papilomavírus humano (nome científico do vírus HPV).
Em 2012, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta 18 mil novos casos de câncer de colo de útero em mulheres brasileiras, o segundo câncer mais incidente (atrás apenas do de mama), a maior parte provocada por estes vírus não tratados.
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Este cenário é um dos motivos para a vacina contra o HPV ser considerada uma das prioridades de implantação na rede pública, na avaliação do secretário de atenção à Saúde, Jarbas Barbosa. Uma das possibilidades é que a imunização “mais ampla e versátil”, como quer o ministro Padilha, seja até elaborada em território nacional.
Nesta quarta-feira, foi assinado um acordo de cooperação para a produção de novos imunizantes entre três laboratórios públicos brasileiros (Butantan, FioCruz e Evandro Chagas) e a farmacêutica Sanofi Pasteur, que já fabrica a vacina contra o HPV que abastece a rede privada.
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Acesse em pdf: Vacina do HPV precisa melhorar, diz ministro (iG – 19/01/2012)