(Folha de São Paulo | 21/05/2021 | Por Ana Estrela de Sousa Pinto)
O impacto da pornografia no abuso sexual e na desigualdade de gênero é imenso e subestimado, afirma Astrid Bant, representante no Brasil do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas).
“Sem ser moralista, a gravidade da pornografia é desconhecida. Está criando geração de homens que crescem com a ideia de que o corpo da mulher está sempre disponível.”
Antropóloga, socióloga e psicóloga, ela trabalha há mais de 30 anos em programas de desenvolvimento em países como Peru, Bolívia, Brasil, Holanda, Estados Unidos, Moçambique e Vietnã.
Em entrevista por videoconferência na qual comentou o recém-lançado relatório “Meu Corpo Me Pertence”, que detalha a autonomia física da mulher ao redor do mundo, ela falou também de sexualização precoce, gravidez na adolescência e do impacto de governos conservadores no combate à desigualdade entre homens e mulheres.
Não se retrocede completamente. Mulheres conservadoras também querem casamentos sem violência, também querem se realizar. Às vezes aparece um líder mais radical, mas, por trás dele, há uma quantidade de mudanças culturais e de expectativas das pessoas sobre o que é felicidade que se sustenta, não desaparece.