(Universa – UOL | 31/05/2021 | Por Carlos Madeiro)
Na última década, pelo menos 37 mulheres do campo foram assassinadas em áreas de conflitos fundiários e socioambientais, a maioria delas na região Norte — são 24, ao todo. Além das mortes, houve 77 tentativas de homicídio, além de uma extensa lista de 446 trabalhadoras rurais marcadas para morrer.
Além disso, ao menos 1.814 mulheres sofreram algum tipo de violência. O documento catalogou ainda 37 estupros e 76 agressões físicas.
Os números fazem parte do relatório Conflitos no Campo Brasil 2020, sobre a violência no campo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado nesta segunda-feira (31). Ele destaca vários tipos de violência envolvendo mulheres que vivem em áreas sob algum tipo de disputa. O cenário de violência no campo, assim como nas áreas urbanas, também é permeado pelo machismo e pela misoginia.
A assessora jurídica da CPT e professora de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Tatiana Dias Gomes, atua na área e analisou os dados. A Universa, ela diz que a ação violenta contra mulheres nessas áreas de tensão são acentuadas por camadas de vulnerabilidade social.
A imensa maioria delas são das etnias originárias, quilombolas e trabalhadoras rurais sem-terra. Essa violência se torna mais grave, porque se soma a todas as demais opressões patriarcais.