(Estadão| 04/06/2021 | Por Bruna Ribeiro| Acesse a matéria no site de origem)
Diariamente, crianças e adolescentes têm direitos violados no Brasil, mas muitas violências têm gênero e afetam muito mais as meninas. Confira onze dados importantes sobre o assunto, coletados pela Plan International Brasil:
1. O Brasil é o quarto colocado no ranking mundial absoluto e o terceiro país da América Latina com maior índice de casamentos de meninas com menos de 18 anos: 36% das uniões são desse tipo. Em números absolutos, o Brasil fica atrás da Índia, Bangladesh e Nigéria. Pesquisa do Instituto Promundo de 2016 mostrou que 887 mil mulheres entre 20 e 24 anos afirmaram ter casado antes dos 18 anos. Outras 287 mil meninas se casaram com menos de 15 anos no país. Em março de 2019, o país sancionou uma lei que proíbe o casamento de menores de 16 anos. O estudo Tirando o Véu, lançado no ano passado pela Plan International Brasil, aponta causas e consequências do casamento infantil. Entre as consequências negativas estão o abandono escolar, a gestação precoce, a falta de formação profissional e a redução nas perspectivas sociais e econômicas geradas pela sobrecarga com o trabalho doméstico.
2. Cerca de 650 milhões de mulheres se casaram antes dos 18 anos. A proporção de mulheres que se casam antes dos 18 anos caiu 15% na última década, segundo o Unicef. Apesar disso, muitas meninas continuam vulneráveis à prática do casamento infantil, principalmente as que vivem em comunidades mais pobres e em zonas rurais.
3. 15 milhões de meninas de 15 a 19 anos já foram estupradas ou violentadas sexualmente alguma vez na vida. Quando se trata da violência sofrida por adolescentes, meninos e meninas enfrentam realidades bem diferentes. Ainda segundo o Unicef, enquanto as meninas são mais vulneráveis à violência sexual, a taxa de homicídio entre meninos de 10 a 19 anos é quatro vezes mais alta do que a de meninas da mesma idade.
4. Segundo a Organização Mundial da Saúde, todo ano, 16 milhões de meninas de 15 a 19 anos dão à luz em regiões em desenvolvimento. Complicações relacionadas à gravidez e ao parto estão entre as principais causas de morte para meninas de 15 a 19 anos no mundo e, em 90% dos casos, a gravidez está relacionada a casamentos precoces. Em 2015 foram mais 545 mil bebês que nasceram de meninas entre 10 e 19 anos de idade. Desse total, mais de 26 mil bebês nasceram de meninas entre 10 e 14 anos, segundo o Ministério da Saúde.
5. Dois terços dos países já atingiram paridade de gênero quanto ao acesso à educação primária, de acordo com o Unicef. O Brasil atingiu essa paridade nas matrículas para a educação básica, mas na prática os desafios ainda são grandes. Entre os jovens classificados como “nem-nem”, que não estudam nem trabalham, o número de mulheres é praticamente o dobro dos homens. “Os papéis tradicionais de gênero colocam as meninas para desempenhar com exclusividade os trabalhos domésticos, o que leva a uma frequência irregular ou à evasão escolar. Entre os ‘nem-nem’, temos uma porcentagem grande de mães adolescentes ou jovens casadas”, diz Viviana Santiago, gerente de gênero e incidência política da Plan International Brasil.