Ao pedir direito à morte assistida, Neon Cunha entrou para história e mudou a vida de mulheres trans do Brasil
(ECOA UOL | 21/06/2021 | Por Gabryella Garcia | Acesse a matéria completa no site de origem)
Existência interseccional
A trajetória de Neon é marcada por diferentes tipos de preconceito desde a sua infância: racismo, LGBTfobia, preconceito social, marcado por uma percepção da pobreza, e a ausência de uma sensação de pertencimento. “Eu nasci em Belo Horizonte e com uns dois anos me mudei para São Bernardo do Campo. Eu não tenho pertencimento em nenhum dos dois lugares. Fico procurando esse lugar de pertencimento como qualquer pessoa trans”, diz.
Também muito cedo se entendeu como mulher e o papel que arbitrariamente é imposto a elas por uma sociedade machista e patriarcal. “Eu passei a participar da manutenção da casa muito cedo. Limpar fralda, lavar a louça e cuidar de uma série de coisas que eu entendia tranquilamente como lugar perfeito de uma mulher. O papel feminino na casa, né?”.
Na escola primária começam as primeiras violências pela LGBTfobia. Com quatro para cinco anos, Neon recorda que por assim se identificar, estava sempre com as meninas, e que era muito acolhida pela professora Lucia, a qual se recorda com carinho. Mas, também foi nesse período que começaram as primeiras repressões. Na sequência, veio o racismo e a percepção da pobreza.
Apaixonada por leitura e pelos livros escolares, Neon não tinha condições de adquirir os livros e, por isso, tinha que copiar a matéria e exercícios dos livros de colegas.