Especialistas defendem que cultura machista precisa de intervenção educacional, além de políticas de igualdade de gênero; veja 5 dicas para empresas combaterem machismo
(Estadão | 29/06/2021 | Por Bianca Zanatta)
Uma pesquisa realizada em março pela PoderData revelou que 83% dos homens brasileiros dizem haver machismo no País, mas somente 11% se consideram machistas. A larga discrepância entre reconhecer o problema e responsabilizar-se por ele aparece em outro levantamento feito pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão em outubro passado. Batizado de “Percepções sobre a violência e o assédio contra mulheres no trabalho”, o estudo apontou que 76% das mil mulheres entrevistadas já vivenciaram humilhação ou violência no trabalho e 68% acreditam ter menos possibilidade de serem promovidas por serem mulheres e mães.
A pandemia agravou o problema, de acordo com os dados. Enquanto 72% das mulheres afirmam que a carga de trabalho doméstico aumentou, menos da metade dos homens (45%) sentiu o efeito. Se por um lado os programas de igualdade de gênero têm traçado metas ousadas para sanar a disparidade de cargos e salários nas empresas, a real igualdade só será atingida se o problema for enfrentado na origem. E quem fala isso são especialistas homens que escolheram olhar o machismo de frente, debruçar-se sobre a temática e entender que a mudança precisa partir deles.
“Estão bombando as ações e projeções para bater metas de equidade até 2030, mas como as mulheres vão chegar a esses cargos de liderança e a que custo?”, questiona Leandro Ziotto, fundador da plataforma de conteúdo de formação parental 4Daddy. “Contratar é fácil, mas a empresa está preparada para receber essa mulher? Porque, quando chega em casa, ela ainda tem que cuidar de marido e filhos. Com que saúdes mental e física ela vai estar para ocupar esses cargos?”