“Sobretaxa está associada às notificações de casos de violência sexual”, diz o Atlas da Violência
(Valor Econômico | 31/08/2021 | Por Anaïs Fernandes)
O número de notificações de violência contra mulheres com deficiência é cerca de duas vezes o registrado contra homens nas mesmas condições, mostra o Atlas da Violência 2021, publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Para cada 10 mil pessoas com deficiência intelectual, 36,2 denunciaram algum tipo de violência em 2019. Mas o número salta para 56,9 quando consideradas apenas as mulheres. “Essa sobretaxa está associada em alguma medida às notificações de casos de violência sexual“, aponta o relatório.
Em relação às demais deficiências, as taxas totais são bem inferiores, mas, ainda assim, as notificações de violência contra mulheres se aproximam do dobro do registrado entre os homens: 17,8 para cada 10 mil com deficiência física (motora), contra 7,3 para os homens; 5 no caso de mulheres com deficiência auditiva, contra 2,3 para os homens. A exceção é para deficientes visuais, situação em que a prevalência entre mulheres é inferior a 25%.
Em 2019, foram registrados 7.613 casos de violência contra pessoas com deficiência no Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), do Ministério da Saúde, sendo 4.847 contra mulheres. O número considera pessoas que apresentavam pelo menos um dos quatro tipos de deficiência – física, intelectual, visual, auditiva –, de acordo com parâmetros médicos.